Quem eu sou para o outro

 

Como saber a forma como o outro me vê, se não sei o que o outro vê em mim? 

Se ignoro quanto de minha face oculta 

ele é capaz distinguir, além daquela que ostento? Se desconheço o que ele vê entre as frestas da máscara que uso 

e o tanto que escapa de mim daquilo 

que quero esconder?

 

Não sei como o outro me vê porque não sei que imagem e expectativas ele projetou em mim, sei apenas 

de suas queixas e de como ele quer que eu seja. Não sei, porque ele mesmo não sabe com clareza.

 

Será que eu sou para ele apenas 

o seu reflexo? Quanto eu o mimetizo? 

Há algo de mim nos olhos dele? Que personagem eu criei ou ele fantasiou?

 

Nunca vou saber quem eu sou para o outro, porque há percepções que não se traduzem em palavras, porque o vínculo afetivo faz de nós uma amalgama dos dois. Eu posso perguntar, mas ele não vai saber dizer. 

 

O que me vale são as pistas que 

ele me dá, como a forma que me olha, sua admiração ou reprovação em momentos de elogios ou críticas. 

 

Assim, vou apalpando o desconhecido de mim nele, sabendo que ele também não sabe quem ele é para mim. Esse mistério entre estranhos conhecidos nunca será decifrado. 

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