A sombra do passado
“Você não pode olhar para o passado sem sofrer se não se perdoar. Senão ele vai continuar sendo um ambiente de memória de dor, que vai carregar em nós uma sentimento de medo de repetição,
ou de um sentimento de que, por causa daquele passado ruim, toda a vida depois daquele passado não deu certo.” Rossandro Klinjei
Mesmo depois de anos de trabalho interior, posso afirmar que até hoje o passado ainda me assombra. Fiquei presa em um torvelinho de eventos traumáticos que me acometeram entre a infância e a adolescência.
É como se um lado meu tivesse evoluído enquanto outro está estacionado. A adulta seguiu em frente, desenvolveu o pensamento analítico e crítico,
o discernimento, a perspicácia, é capaz de tomar decisões responsáveis,
e de assumir a responsabilidade por seus erros. Já a consciência imatura tem medo, é insegura, sofre quando eventos que se assemelham aos do passado parecem se repetir, projeta no outro figuras que lhe feriram outrora e vive
na defensiva.
Enquanto eu não perdoar o passado ele me assombrará. Seguirei com o peso
de suas amarras, caminhando para frente enquanto sou puxada para trás.
Perdoar o passado importa em perdoar a mim mesma, por saber que não poderia fazer melhor ou diferente, dado o grau de imaturidade que ainda tinha.
Não há liberdade sem reponsabilidade, por isso preciso me responsabilizar
pela ambiguidade que criei, que cria confusão e caos em minha vida. Preciso soltar algo que insisto em preservar quando deveria estar no passado.
Enquanto o coração estiver maculado pela mágoa, estarei presa a esse tempo que já poderia ter superado.
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