Virgínia Barbosa Leal

  Sempre fui uma pessoa muito controladora, queria controlar o que iria acontecer no dia, prever os contratempos, a vida, as pessoas, só não tinha controle de mim.   Cada vez que as coisas não aconteciam como o planejado, ficava contrariada, até mesmo quando não conseguia cumprir uma lista de tarefas que tinha me proposto a fazer.   A experiência me mostrou que a única coisa que posso controlar são meus impulsos, minhas reações emocionais e esse é meu maior desafio.    Se me mantenho centrada, a melhor solução surgirá, mas se me descompenso, estarei a mercê dos acontecimentos e das pessoas.    A vida me põe à prova à toda hora, os desafios e as adversidades não cessam, e o que importa é como eu lido com eles.   

  Na maior parte da minha vida tomei decisões movida pelo medo. À medida em que fui me trabalhando, o medo foi se amenizando e a angústia ficou mais evidente.   O medo não é bom conselheiro, e decisões o tendo a base  me desconecta da realidade, prejudica o discernimento.   A angústia é minha companheira, às vezes ela está encoberta pela ansiedade, mas minha reação vem da angústia.   Nunca fui tomada pelo pânico, talvez porque eu não ignore a angústia, eu a confronte e a questione.   O medo é uma reação emocional diante de situações de sobrevivência, nos prepara para lutar ou fugir. Mas ele vem sendo acionado por questões afetivas, como medo de perder alguém que amo, de não me sentir capaz, de que algo que temo que aconteça.    O medo gera o controle como mecanismo de defesa, na tentativa de evitar que algo indesejado aconteça.   O medo pode gerar angústia. A angústia intensifica o medo e traz uma sensação intensa que confunde e desorien...

  “Reclamar demais pode danificar o cérebro e causar problemas no sistema nervoso central.” IA do Google   Eu era muito crítica, criticar é um tipo de reclamação. Quando se tem o hábito de reclamar a energia se densifica, cria-se um estado de insatisfação.    Eu tive um marido que vivia reclamando o tempo todo do chefe, de não ser bem remunerado. Pessoas assim, afastam os outros, porque ninguém suporta conviver por muito tempo alguém amargurado.    Reclamar é autocentramento, a pessoa não de importa se der errado para o outros, desde que para ela não.     Reclamar cria uma lente pessimista pela qual se vê a vida, e assim nada de bom pode atrair.   Re-clamar é clamar mais uma vez, é clamar demais, é insatisfação, é intolerância.   Quando você reclama, está dizendo ao universo que a vida não vale à pena. Quem reclama não é capaz de reconhecer e agradecer o que a vida lhe oferece.    O filósofo Picuro dizia: A felicidade é pr...

    Sensibilidade não é o mesmo que suscetibilidade. Enquanto uma nos prepara para viver e aproveitar as experiências, a outra cria uma ilusão que causa mágoa e ressentimento.   A pessoa sensível percebe mais porque está presente. Ainda que a sensibilidade cause dor, por outro lado se comove com as coisas belas da vida.   A sensibilidade favorece a intuição, a imaginação e a criatividade.   Ser sensível não é demonstração de fragilidade, pelo contrário. Pessoa sensível é resiliente e suporta melhor as desventuras.    Sensibilidade é a capacidade de sentir profundamente cada momento da existência. 

  “Infelizmente estamos vivendo em um momento de grandes discursos triunfalistas, nos quais motivação e superação aparecem como valores centrais de uma realização. O efeito colateral desses discursos é a comparação. Lucas Lujan    Discursos que dizem que “você pode” o que quiser, basta ter motivação e se superar é uma armadilha. Nem tudo é possível, seja porque você não está preparado o suficiente, seja porque não depende só de você, seja porque não está ao seu alcance.   A primeira coisa a observar é o que triunfar é para você: é progredir profissionalmente, ter êxito no relacionamento, ganhar muito dinheiro? Ou você está buscando a superação de maus hábitos e vícios, tornar-se uma pessoa melhor?    É o seu querer que irá lhe direcionar para o sucesso ou para o fracasso, conforme seja sua motivação egoísta ou generosa. Você pode até realizar o seu desejo, mas se ele lhe desvia do seu propósito, não se pode dizer que triunfou.      Acreditar ...

  “Quando uma pessoa te ama de verdade, o maior medo é de te machucar. Mas quando uma pessoa ama o quanto a faz feliz o maior medo dela é te perder.” Cláudia Ohana   Essa ideia me surpreendeu, mas faz sentido. Quem ama respeita e cuida, quer me ver feliz, por isso não quer me magoar.   Pensando assim, creio que a maioria das pessoas não ama, ou o amor fica sufocado pelo sentimento de posse e egoísmo.   Trazendo essa questão para mim, eu era ciumenta, que é a prova mais clara de que não quero perder. Esse medo era escondido porque não via sinais de que ia perdê-lo.   Se as pessoas soubessem e acreditassem nessa definição de amor, seria mais cuidadosa em evitar fazer algo que magoasse o parceiro.

    “Ninguém irá bagunçar a sua casa se você não der a chave, Convidados indesejados trazem problemas indesejados, e isso não é sobre casas.” Miriam Garcia   Eu não dei limites a uma pessoa do meu convívio, achava que poderia me comportar do mesmo jeito com ela, mas não foi bem assim.    A amizade ficou abalada, eu me ressenti, mas depois de algum tempo em entendi que a responsabilidade foi minha.   Se eu tivesse estabelecido os parâmetros da convivência desde o começo, talvez não evitasse, mas minimizaria a invasão.    Essa experiência me mostrou o quanto eu era invasiva, e não dar limites a mim e ao outro é falta de amor.    Quando alguma coisa sai fora do eixo, eu me pergunto de que forma contribui para isso.    Ouvi uma palestrante dizer: “crianças abandonadas são as crianças cujos pais não se responsabilizam pela dura tarefa de impor limites a ela.” @danubiapsdamasceno.   As crianças que não receberam limites se torna...

    Já fui muito crítica, observava nos outros o que eles tinham de pior. Procedia assim como defesa, para não me deixar enganar.   Não sabia elogiar, me sentia intimidada e tinha inveja daqueles em que via qualidades.   Em ambas as situações eu os rejeitava, era difícil criar um vínculo com quem quer que seja. Não entendia que estava rejeitando a mim mesma.   O meu equívoco estava em ver só qualidades ou defeitos, não sabia que todo ser humano é feito de luz e sombra e escolher um aspecto apenas desumaniza, já que nesse plano não há anjos nem demônios.   Tudo mudou quando ouvi alguém dizer “Você só pode ver no outro aquilo que também é seu”.    Se o outro é meu espelho, o que vejo nele são aspectos meus também.  O espelhamento me mostra aquilo que não vejo, os pontos cegos. O certo é que o espelho não mente.   É por isso que relacionar-me ajuda a me conhecer. A consciência de que o que vejo no outro também é meu me ajuda  a ac...

Quando eu iniciei meu processo de autoconhecimento, achava que tinha chegado tarde, que meus colegas já estavam adiantados e que eu fiquei para trás.    A gente acha que a galinha do vizinho é mais gorda. Não podemos conhecer os outros com base na aparência, não sabemos se a mudança foi profunda ou estão com uma máscara do que gostaria de ser.   Minha evolução é lenta porque tenho resistência à mudança e sou teimosa. Não aceitava nada que vinha de fora, a mudança em mim precisava vir de dentro.   Só aceito qualquer informação, mesmo que seja verdadeira, se eu estiver pronta se ela ressoou em mim.   Cada um tem seu ritmo interno e querer acelerar o processo só resulta em retrocesso.    Você não está atrasado, você está em sintonia com seu ritmo interno. Comparar-se não é uma boa medida, porque o real processo de evolução respeita o tempo de cada um.