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Mostrando postagens de novembro, 2024

Autenticidade

    “As pessoas veem o que podem e aquilo que elas querem.” Pamela Magalhães    Houve um tempo em que eu não aceitava a forma como meu companheiro me via  e fazia de tudo para mudar sua opinião  a meu respeito. Isso me fragmentou, porque quanto mais me esforçava em apresentar uma outra imagem de mim, mais me sentia inferior.    Depois de algum tempo de reflexão, descobri que o meu eu real era invisível até para mim mesma. Nem eu era o que meu companheiro dizia, nem era aquela que eu me empenhava em aparentar.   Se eu não sabia quem eu era, como poderia demover quem quer que seja  do suposto equívoco sobre mim? Ainda que eu soubesse quem sou e fosse capaz de expressar esse eu genuíno, seria difícil demover meu companheiro da imagem que ele engessou a meu respeito.    À medida que fui me conhecendo  e me autoafirmando, passei a não  me importar com a opinião alheia, porque eu sabia quem eu era e a teimosia era dele de n...

A arte de ler

    “A arte de amar é uma arte da escuta, mas também da leitura” Christian Dunkan    Por eu usar de cautela ao me aproximar de alguém, aprendi a observar o que não está sendo dito. Vejo a expressão do olhar, a entonação da voz, as hesitações, se ele é capaz de fixar o olhar ou se esquiva.    Tento ler o que está nas entrelinhas,  nas pausas, no ritmo da fala, nos atos falhos. Eu fazia isso para me proteger, não pensei que essa atitude também tivesse como motivação o amor.   Faz sentido, por mais que eu conheça alguém, ele sempre pode me surpreender se eu não estiver atenta aos sinais que ele está dando, em especial quando está numa reação emocional, muitas vezes desencadeadas pelo medo e insegurança.    Quanto mais eu tiver desenvolvido a capacidade de ler as imagens fragmentadas, às vezes complexas do outro, mais me tornarei íntimo dele, mais poderei compreendê-lo e ter por ele compaixão.    Portanto, a esculta não pode se dis...

Nebulosa

    “Eu mal entrei em mim, e assustada já quero sair ... sou um ímpeto partido ao meio”. Clarice Lispector    Me custa entrar em mim, atravessar as brumas de meu ser, e me ver despida de tudo que não sou, temo o que irei encontrar. E se eu descobrir que o que penso que sou é apenas um reflexo pálido de algo mais genuíno? E se eu não me reconhecer?   Não quero renunciar às ilusões que me sustentam, ao sonho nunca realizado. Não quero mergulhar no vazio, pois ele mostra a inexistência a me rondar.    Me acostumei a ser nebulosa, aos mistérios insondáveis que me habitam, aos caminhos bifurcados, sem placa de indicação.    Se tudo se esclarecer, se desvendar, o que mais há que fazer?    Em mim há vozes que me mantém curiosa das facetas que me compõem, dos tesouros tão bem escondidos. Posso, então, divisar os fragmentos dispersos que me modelam a solidão.   O amor em mim não secou, esse rio corre em minhas veias, as coisas do mundo ...

Incompletude

Quanto mais nos distanciarmos de nossa essência, mais nos sentiremos incompletos.    Quando nos sentimos incompletos,  a motivação para o amor é a falta, daí  a crença na alma gêmea, na metade que nos falta. Buscamos no outro o que ele não pode nos dar. Procuramos fora o que está dentro mas não conseguimos acessar.    Por essa razão, o amor é confundido com desejo, que é impulsionado pela falta que nunca é preenchida. O desejo se desloca para outro alvo sempre que seu objeto  é conquistado. Ele escapa porque  sua função é nos mobilizar, nos tirar  da inércia.    Já o amor é perene e amplo, não tem limites. O amor é o atributo que  nos lembra de que somos um com  o Todo. Por isso cabe sempre mais.  A ilusão de que o amor acaba decorre  do equívoco de igualar amor e paixão.  A paixão é o impulso que nos encoraja  a ir ao encontro do outro, para favorecer  a construção do amor.    Quanto mai...

Felicidade

  “Felicidade é a capacidade que nós temos em nos contentar com pouco.” Epicuro Para mim, felicidade é um estado de espírito que é capaz de enfrentar as adversidades sem se abater, de aceitar a vida como ela é, de não reagir a provocações, de evitar preocupar-se, de buscar compreender o outro, e quando se magoa, perdoa. Nem sempre consigo me manter nesse estado de espírito e sofro por isso. Mas, no momento em que volto para ele, desfruto da felicidade. A chave para chegar a esse estado de espírito é precisar de pouca coisa para me satisfazer, alegrar-me com coisas simples, ter prazer apenas em existir. Quanto me contento com coisas simples, mais propensa fico à felicidade.

Face oculta

    “Imagine o peso de viver fingindo saber o que não sabe, fingindo que tem o que não tem, fingindo que pode o que não pode.” Lucas Lujan   Quando eu era jovem tinha baixa autoestima, não gostava do que via em mim, e para esconder essa face que achava feia eu criei um máscara de poder. Dizia a mim mesma que não precisava de ninguém, que era capaz de enfrentar desafios, que era digna e altiva, que era inatingível.    No entanto, essa máscara não era impenetrável, vez por outra quem eu era de verdade escapava e vinha à tona na forma de um ato falho. Eu acreditava tanto nessa autoimagem idealizada, que me surpreendia com o que revelava o ato falho, não acreditava que aquilo tinha vindo de mim.   A máscara era uma representação do que eu queria ser, mas não era eu, era a atuação de uma personagem que incorporei.   Mas essa autoimagem cobrava um alto preço, não podia relaxar, tinha que estar prevendo situações e encontrar uma forma de respondê-las segundo ...

Dispersão

  Quero reter o tempo e ele me escapa. Como o instante é um ato contínuo, se eu me mantiver nele, viverei o eterno. Perco, portanto, a experiência da eternidade, por não estar presente no instante. Para alguém dispersa como eu, o tempo é fragmentado. Na dispersão, não estou em lugar nenhum, transito entre vários. Qualquer coisa me distrai e me tira do foco. Quando retorno, as coisas mudaram, como um filme quecontinuou passando enquanto eu não estava assistindo. Há um hiato de tempo perdido, que não pode mais ser recuperado. A dispersão é ausência que me afasta do instante, quando volto, não tenho como recuperar o que perdi. Qualquer acontecimento, qualquer coisa dita pode me lançar no passado ou no futuro, me tira do presente. Enquanto estou ausente, a vida continua, as oportunidades passam, a experiência não se completa. Estar no presente me exige um grande esforço. Estou presa entre o passado e o futuro, ou seja, vivo num espaço atemporal entre o que já foi e o que ainda não aco...

O tempo não tarda

  “Estamos existindo entre mistérios e silêncios Evoluindo a cada lua, a cada sol Se era certo ou se errei Se sou súdito ou se sou rei Somente atento à voz do tempo, saberei” composição de Dani Black   Lúcia Helena Galvão disse que “O tempo para  os gregos não era simplesmente o tempo  do relógio como nós o mensuramos. O tempo para eles era medido pelo deslocamento em direção  ao ideal humano.” Comungo com esse pensamento. A minha linha do tempo traça o tanto que avancei e avalia o quanto ainda preciso caminhar na estrada do autodesenvolvimento.    O tempo de qualidade é o que mensura o tempo real que vivi. Sob esse aspecto, percebo quanto  o desperdicei com picuinhas, coisas pequenas, insignificantes. Também usei mal o tempo  ao me paralisar na mágoa e ressentimento, na depressão, na recusa em aceitar a vida  como ela é.    Em mim há um contraste entre o meu rendimento  no tempo do relógio e no tempo interno. Enquanto sem...

Cura

  Ao longo de minha vida, já desenvolvi algumas doenças psicossomáticas que achava que tinha curado, mas algum tempo depois os sintomas voltaram, ainda que de outra forma ou em outro órgão.   Tenho visto nas mídias sociais alguns especialistas com discursos que prometem cura, mas tenho sérias dúvidas.    Até mesmo doenças físicas, quando  se tornam crônicas, podem apresentar sintomas ao longo de toda a vida.     Diante dessa constatação, não penso  na cura, e tento ter uma vida saudável e manter os sintomas controlados.   Quando se trata de distúrbios mentais,  os psiquiatras evitam usar a palavra cura, e no seu lugar usam os termos “doença em remissão”, ou “paciente em recuperação”.   Na minha opinião, a cura não é a eliminação da doença,  é um processo que envolve cuidados para evitar  ou mitigar novos surtos.   Esse entendimento está em consonância com o conceito de saúde pela Organização Mundial de Saúde:  ...

Individualismo

    Individualismo é uma palavra que tem vários conceitos, que vão desde a prática da liberdade individual de fazer escolhas, tornando o individuo distinto dos demais, à tendência a colocar-se no centro de seus próprios interesses em detrimento dos interesses dos demais.     Quero falar do individualismo como uma forma egocêntrica de ser e de estar no mundo e nas relações humanas, em que o indivíduo sobrepõe seus valores e direitos sobre os da coletividade. É uma distorção do conceito original de liberdade, fraternidade e igualdade que defende o direito à liberdade de expressão, sendo fraternal e em igualdade de direitos e deveres com os demais.    Refletindo sobre esse tema, vejo que o individualismo deturpado está enraizado em todas as ações humanas, que vai desde não respeitar a ordem de uma fila, a ser insensível a uma pessoa desmaiada no chão.    Quando trago para mim essa questão, percebo o individualismo em atos simples do cotidiano, c...

Esquecimento

  “Recordar é viver”, diz o ditado. Recordar coisas boas e reviver os momentos bons é salutar. Mas quando se trata  de lembrar ofensas, traições, acontecimentos trágicos, recordar é voltar a sentir tristezas, decepções, sobressaltos que podem me desestruturar emocionalmente, se não estou preparada para elaborá-los.     O esquecimento é uma proteção psíquica para que pensamentos recorrentes  e persistentes que não consigo evitar  não tomem minha vida. Tais pensamentos sempre vêm acompanhados  de emoções que me causam ansiedade e medo.   Por um tempo, eu tive sonhos que não conseguia entender, permeados de imagens simbólicas. Cheguei a preencher um caderno com eles. Estudei  o significado dos símbolos nos sonhos, mas não cheguei a nenhuma conclusão.     Esses sonhos eram a forma que  o     inconsciente encontrou para trazer   à tona conteúdos, que, de outra forma, eram barrados pelo mecanismo de defesa.  ...

Amor e paixão

  Sempre achei que paixão é ilusão,  dava destaque aos pontos negativos dela. Hoje ouvi uma live que me fez vê-la sobre outro prisma.   Acho que o que determina se a paixão vai seguir ou não para o amor é o nível de tolerância que o apaixonado ou apaixonada pode ter quando passar a enxergar o par como ele é, ou o que ele permite que se veja. Ouvi alguém dizer que amar é a capacidade de suportar que o outro seja diferente do que se espera dele.    A paixão é uma forma de amor que quebra as barreiras entre as pessoas, pelo magnetismo que as atrai uma para outra. No estado de paixão, os amantes se misturam e se confundem, não há fronteiras entre eles. Essa mistura fortalece o vínculo afetivo, e atende por um tempo.    Ainda que o amor seja uma projeção de mim, não há como negar que só projeto o que o outro tem de similar comigo.  É, então, uma forma de autorrevelação cruzada.    Durante a paixão, só se vê no outro o que ele tem de melh...

Quem eu sou para o outro

  Como saber a forma como o outro me vê, se não sei o que o outro vê em mim?  Se ignoro quanto de minha face oculta  ele é capaz distinguir, além daquela que ostento? Se desconheço o que ele vê entre as frestas da máscara que uso  e o tanto que escapa de mim daquilo  que quero esconder?   Não sei como o outro me vê porque não sei que imagem e expectativas ele projetou em mim, sei apenas  de suas queixas e de como ele quer que eu seja. Não sei, porque ele mesmo não sabe com clareza.   Será que eu sou para ele apenas  o seu reflexo? Quanto eu o mimetizo?  Há algo de mim nos olhos dele? Que personagem eu criei ou ele fantasiou?   Nunca vou saber quem eu sou para o outro, porque há percepções que não se traduzem em palavras, porque o vínculo afetivo faz de nós uma amalgama dos dois. Eu posso perguntar, mas ele não vai saber dizer.    O que me vale são as pistas que  ele me dá, como a forma que me olha, sua admiração ou re...

Efeito de repetição

  É comum se dizer que o tempo cura, que o problema se resolve por si mesmo, que com o tempo a gente esquece. Quando se trata de questões práticas, isso pode acontecer. Mas para quem sofreu experiências que se tornaram traumatizantes, o tempo só reforça e agrava o quadro. O traumatizado pode desenvolver estresse pós-traumático. O trauma muitas vezes é jogado no inconsciente, porque é difícil ou até insuportável lidar com ele. E enquanto estiver no inconsciente ele continuará a causar danos. Um dos efeitos do trauma não cuidado é o fenômeno da repetição, atraímos ou criamos situações semelhantes à sofrida. Não se sabe ao certo porque isso acontece, mas penso que é uma tentativa da pessoa de fazer diferente ou evitar que ocorra. Pode ser também umamanifestação do inconsciente, para que venha à tona o que está escondido, como acontece com atos falhos. À medida que o tempo passa, a vítima vai ficando mais frágil e mais vulnerável ao lidar com situações de estresse. E há estudos que afi...

Caminhos da felicidade

    “Um curioso perguntou ao mestre: qual o segredo da felicidade? Fazer boas escolhas – respondeu o mestre. E como fazer boas escolhas? Com experiências. E como a gente ganha experiências? Fazendo escolhas erradas.”   De que adianta ter potencial que nunca  realizo? Ter oportunidades que nunca  aproveito? Ter um mestre interior que nunca escuto?    Só se é feliz vivendo e viver é agir.  É melhor fazer más escolhas do que ficar na indecisão. Só saberei o que há mais adiante se atravessar a curva  do caminho. Se há uma bifurcação e não sei para onde quero ir, qualquer direção serve. Se sei para onde quero ir, mas não sei o caminho, só seguindo em frente posso encontrar meu destino.    De que adianta buscar o sentido da vida fora dela, seja na pós vida, seja fora  do momento em que estou vivendo, apontando para um horizonte distante?  O sentido da vida está dentro da vida e só há vida estando no presente.    A...

Criticismo

    Quando eu era jovem, minha expressão facial denunciava o julgamento que fazia  das pessoas. Sem perceber,  eu provocava as pessoas sem dizer nada: sarcasmo, zombaria, repreensão. Era por demais crítica, como que para  me defender do que via e percebia.    O criticismo, no sentido pejorativo,  é a atitude de criticar alguém de forma denunciatória, afrontosa, superdimensionando a gravidade  do ocorrido ou o defeito do outro.    Não percebia que meu comportamento era desrespeitoso e arrogante, já que todos somos falíveis.   A razão por que agia assim era por ignorar e não querer admitir minhas falhas, e por isso me irritava profundamente com os erros dos outros. Minhas críticas revelavam meus erros.    Me sugeriram que eu contasse quantas vezes eu criticava em um dia,  e o resultado me chocou. Ainda não havia desenvolvido minha capacidade reflexiva, a autoanálise, porque não sabia fazer isso sem julgar e condena...

Amor e fidelidade

    “Quando você amadurece no amor, você não pode mais cobrar: Ah, você dá mais atenção para seus amigos, você tá mais focado no trabalho, é uma briga constante”. Marcela Ceribelli   Para pôr em prática essa ideia é preciso amadurecimento, porque a parte infantil nossa quer exclusividade e lugar de destaque na vida do outro. Ademais, num relacionamento sadio, há de haver equilíbrio para que ele não se esvazie.    Acredito em na fidelidade conjugal, porque foi isso que me ensinaram, e transgredir essas promessas de amor pode ser alvo de execração pública.    A insegurança e o medo de perder o amor do outro exacerbam a rigidez moralista e incita a possessividade.    Viviane Mose diz que “a gente acredita demais em acordos que nós fazemos com os outros e com nós mesmos, e nós somos falhos... quebrar acordos com os outros e com nós mesmos faz parte da nossa falha humana... precisamos tratar da infidelidade com um pouco mais de delicadeza, sem mor...

Superação

  Temos a tendência de repetirmos  os mesmos erros, muitas vezes pela força do hábito, e só sairemos dessa repetição tento novas práticas.    O primeiro passo para sairmos  de um padrão de comportamento viciado é tomar consciência dele. A consciência importa em se conhecer, discernir, perceber, examinar atentamente  os próprios atos. O hábito não  se apresenta apenas no comportamento, ele se estende à forma de pensar e sentir, que são determinantes do jeito de estar no mundo.    Todos nós temos um outro eu que  nos observa, sem julgamentos.  Ele é o meio pelo qual a consciência  se manifesta.    O simples ato de observar os hábitos, aquilo que os provoca, como e quando acontecem já os enfraquecem e fica mais fácil agir diferente.    Num primeiro momento, repetiremos  o erro e só depois perceberemos  o que fizemos. Com o tempo ficará cada vez mais rápida a percepção do padrão, desde atentar enquanto...

O tempo não tarda

  “Estamos existindo entre mistérios e silêncios Evoluindo a cada lua, a cada sol Se era certo ou se errei Se sou súdito ou se sou rei Somente atento à voz do tempo, saberei” composição de Dani Black   Lúcia Helena Galvão disse que “O tempo para  os gregos não era simplesmente o tempo  do relógio como nós mensuramos. O tempo para eles era medido pelo deslocamento em direção  ao ideal humano.” Comungo com esse pensamento. A minha linha do tempo traça o tanto que avancei e avalia o quanto ainda preciso caminhar na estrada do autodesenvolvimento.    O tempo de qualidade é o que mensura o tempo real que vivi. Sob esse aspecto, percebo o tanto que o desperdicei com picuinhas, coisas pequenas, insignificantes. Também usei mal  o tempo ao me paralisar na mágoa  e ressentimento, na recusa em aceitar a vida como ela é.    Em mim há um contraste entre o meu rendimento  no tempo do relógio e o tempo interno. Enquanto sempre fui ágio no fa...

Submissão

  Submissão   “Nós submetemos nossos filhos e treinamos eles para a vida, achando que isso é educação.” José Newton de Freitas   Em geral, criamos os filhos com permissividade ou com repressão.  A submissão é o adestramento para obedecer a ordens, em geral de um superior, alijando-lhe o direito de tomar decisões livres ou de se expressar  da forma que bem entender.   Não estou falando de educar e dar limites, que é um ato de amor, falo de opressão pela força, ameaça ou castigo.  Alguns pais agem assim, porque assim foram criados, imbuídos das melhores  das intenções.   Quem foi criado pela sujeição não aprendeu a ter autonomia, escolhe seguir o comando e orientações alheias, não assume responsabilidade por sua vida.   A criança submetida aos pais aprendeu  a manipular para obter o que quer  pela vitimização, já que o confronto com ele é impensável, o que leva à culpa quem o submete.    Quando se torna adulta, a submis...

Necessidade de aprovação

  “Temos uma espécie de vício emocional que é sentir que não somos amados. Por isso andamos pelo mundo pedindo sempre aprovação.” Marly Kuernez Há uma diferença entre necessidade de aprovação e necessidade de reconhecimento. Querer aprovação é buscar no outro a segurança de que está certo, por isso a opinião do outro é tão importante. Tem quem diga que precisamos do olhar do outro para saber quem somos. Concordo em parte, o outro nos ajuda a vermos lados nossos que ainda não vemos. Entretanto, se não conquistarmos autoestima e não formos capazes de nos autoafirmarmos, estaremos sempre sujeitos ao julgamento alheio. Reconhecimento, no entanto, é uma necessidade legítima de que nosso trabalho, esforço, competência sejam confirmados através de um elogio ou agradecimento. Afinal, o desempenho busca premiação, queremos ter nosso talento reconhecido. Também é a necessidade de reconhecimento por quem se beneficiou com suas ações. Em ambos, no entanto, o problema está na dependência emoci...

Gaslighting

  “Gaslighting é uma forma de abuso psicológico na qual informações são destorcidas, seletivamente omitidas, para favorecer o abusador ou simplesmente inventadas, com a intenção de fazer a vítima duvidar de sua própria memória, percepção e sanidade.” Wikipedia    Vivi minha infância num ambiente familiar disfuncional, não havia censura do que poderia ser dito na frente das crianças.  Eu e meus irmãos éramos testemunhas de tudo que acontecia. Mesmo assim,  às vezes em que perguntava à minha mãe sobre algum fato acontecido, ela negava, o que me fez duvidar de minhas próprias percepções.   Tive um relacionamento em que  o parceiro negava o acontecido com tanta convicção, que cheguei a acreditar que  eu era louca, histérica, ciumenta  em excesso.    Essas experiências podem ter contribuído para eu criar memórias falsas, distorcer  os fatos, tomar para mim algo que ocorreu com outra pessoa, ou preencher lacunas para a narrativa faze...

Determinismo e livre-arbítrio

  Entre estudiosos há um debate  que trata  do que caracteriza o humano  e o deferencia dos animais.    Os defensores do essencialismo  afirmam que o humano tem  uma essência que precede a existência. Já aqueles que optam  pelo existencialismo preconiza  que não há nada imutável no humano  e que a existência antecede  a essência. Assim, a essência se faz durante a existência.   Eu sigo um meio termo. Nem estamos subordinados inarredavelmente  ao determinismo, como também o livre-arbítrio sofre restrições, a exemplo  das consequências das nossas escolhas.    O humano tem como determinante  o genes, que transmite as características genéticas de uma geração para outra.  O temperamento e a índole são traços  da personalidade constituídos desde  o nascimento.   As demais características são adquiridas na relação dele com as pessoas, com  a sociedade e com o mundo.  ...

A dor da rejeição

  “... Porque quando alguém saiu porque não me quis mais, não é só saudades que me deixa triste, não é só a perda daquela pessoa, é a ferida em mim.” Rita Kehl   Eu não passei pela dor da rejeição, sempre foi minha a iniciativa de sair  da relação. Ainda assim, o sofrimento existiu porque ruiu meu castelo de areia, o projeto de vida a dois e em seu lugar ficou a crença de que não fui amada  o bastante. O sentimento de menos valia se instalava.   A maioria das pessoas acham que  seu valor só existe se for reconhecido pelo outro, principalmente tratando-se  de relacionamento afetivo. Quando  isso não acontece, o peso da comparação aumenta.    Se alguém não me quer mais, há inúmeros motivos disso acontecer.  Pode ser porque ele mudou, ou eu mudei  e ele não dá conta de se adaptar àquela que me tornei. Quando não há mais amor, quando passamos a ter objetivos inconciliáveis, por exemplo. Mas nunca  é porque eu perdi meu valor p...