Face oculta

  

“Imagine o peso de viver fingindo saber o que não sabe, fingindo que tem o que não tem, fingindo que pode o que não pode.” Lucas Lujan

 

Quando eu era jovem tinha baixa autoestima, não gostava do que via em mim, e para esconder essa face que achava feia eu criei um máscara de poder. Dizia a mim mesma que não precisava de ninguém, que era capaz de enfrentar desafios, que era digna e altiva, que era inatingível. 

 

No entanto, essa máscara não era impenetrável, vez por outra quem eu era de verdade escapava e vinha à tona na forma de um ato falho. Eu acreditava tanto nessa autoimagem idealizada, que me surpreendia com o que revelava o ato falho, não acreditava que aquilo tinha vindo de mim.

 

A máscara era uma representação do que eu queria ser, mas não era eu, era a atuação de uma personagem que incorporei.

 

Mas essa autoimagem cobrava um alto preço, não podia relaxar, tinha que estar prevendo situações e encontrar uma forma de respondê-las segundo minhas expectativas. 

A máscara que usei não deixava eu me ver, não apenas as falhas e deficiências, mas também as qualidades e talentos. 

 

O pior de tudo é que eu que enganava ninguém mas não sabia, mesmo com todo esse esforço em me ocultar as pessoas me viam como eu era, com o agravante de que só viam meus defeitos. 

 

À medida que fui cansando dessa encenação, e vendo que ela não funcionava, entrei em desespero, porque já não sabia quem eu era.

 

Precisei chegar no fundo do poço para quebrar a resistência e pedir ajuda. Iniciei o trabalho de autoconhecimento, um processo difícil de me desvelar, por conta do orgulho e da vaidade. Não foi fácil me ver diferente do que eu pensava que era. Aos poucos fui me autoafirmando como sou, não me importando de corresponder a expectativas alheias, aceitando minha vulnerabilidade, minha humanidade. Hoje me sinto mais leve e mais comprometida comigo mesma. Sempre vigilante para não voltar a usar a máscara de perfeição. 

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