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Mostrando postagens de julho, 2020

MERGULHO NA MENTE - CARLOS BEZERRA

Lanço-me ao meu interior num mergulho abissal a procura do eu profundo, e, nesse mergulho, atinjo o âmago da minha mente. Nesse espaço confuso encontro ideias em redemoinhos repletos de pensamentos paradoxais. Vagar nesses espaços abissais é ao encontro da loucura; descubro a inutilidade da busca, recuo à superfície dos meus pensamentos e me curvo a condição humana, permanecendo-me insondável e enigmático comigo mesmo, o que é minha sina.

TRÊS SENTIDOS (do livro De Algum Anel Azul)

  Houve um tempo em que não podíamos nos tocar O nosso olhar percorria distâncias ilimitadas Mas não podíamos sentir o cheiro uns dos outros A nossa voz ecoava por todo o planeta Mas carecíamos de proximidade, de presença Os nossos ouvidos eram antenas que tudo capturavam Mas o contato físico era uma vaga lembrança   Só tínhamos três sentidos E através deles construímos um elo, um sentido Voltamos o olhar para o belo, o que encanta, o aprendizado Sintonizamos a escuta para a compaixão e o amor Disciplinamos a fala para a leveza, suavidade, doçura   Os sentidos adormecidos nos lembrava os sentidos que perdemos   O sentido de Ser Humano O sentido de estarmos aqui O sentido das experiências O sentido das relações O sentido da convivência O sentido da vida   Dois sentidos esquecidos nos mostrava o valor de sermos inteiro E o sentido da interação de todos os sentidos E que só o amor faz sentido      

ISOLAMENTO (do livro De Algum Anel Azul)

  Conviver é proibido. Na solidão percebi a estranheza de mim, a solitude,  o auto isolamento.   No fundo do silêncio Ressignifiquei vozes, atualizei o presente, ocultei o futuro.    Ao apartar,  acendi saudades, memórias de tempos felizes, de acertos e desacertos.   O exílio sussurrou  que estive mais nele   do que no mundo. O tempo desperdiçado.   Sondei os recônditos mais escondidos, e lá encontrei  paixão, amor e medo, alegria e tristeza. Minha teimosia, a birra com Deus, dúvida e fé.   O retiro não me é estranho. É meu companheiro, defesa e escudo,  alento e lar.   Escolho sair do casulo e alço voos da imaginação, do prazer, do sensível.   O isolamento é reflexão. É escolha, é decisão. Não é preciso forçar.                  

TUM, TUM, TUM, TUM, TUM, TUM (Do livro de Algum Anel Azul)

                                                Tum tum, tum tum, tum tum Ouço em meu peito uma batida  Um latejar que oferece vida Um pulsar que lembra ondas Que vêm e que vão   Tum tum, tum tum, tum tum Algo que contrai e expande Que lembra o anseio profundo Que bombeia com vigor  E tece cada fibra do Ser   Tum tum, tum tum, tum tum A cadência de um trem A distribuir  destinos Tambor anunciando futuros Clamor de preces uníssonas   Tum tum, tum tum, tum tum Uma cor (em)  ação Uma faísca que se faz luz Uma centelha de DEUS A despertar  quem somos   Tum tum, tum tum, tum tum O AMOR LATENTE VICEJANDO