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Mostrando postagens de fevereiro, 2024

Autoconfiança

  É comum as pessoas  confundirem autoconfiança com auto importância.  A autoconfiança vem  do empoderamento e o empoderamento vem do autoconhecimento. Quem se conhece confia em si própria porque tem o condão de tocar seu eu divino.    Ao me conhecer e acolher a luz  e a sombra que me constituem, não  deixo levar por elogios, não me abalo com críticas infundadas e aceito as que procedem. Tenho senso de realidade  de onde vim, de onde estou  e para onde quero ir. Reconheço meus limites, mas sei que sou capaz   de me expandir. Sei de minhas fragilidades, meus pontos fracos,  mas também conheço minha força e aptidão para superação.    A autoconfiança me torna assertiva  no que sou e flexível nos meus pontos  de vista, porque novos entendimentos  me acrescentam.   Ser autoconfiante é alinhar minhas ações com o que penso e sinto, é o que procuro fazer. Uso de minhas convicções para realizar o ...

Amor sem intercorrência

    Ainda que eu me aborreça, que fique triste, que discorde, que sinta falta, se há amor, não há intercorrência.    O amor é um paradoxo porque embora esteja sempre fluindo, mudando a forma, mantém-se estável no coração de quem ama. A mente pode pregar peça, com suas exigências, seus julgamentos, suas críticas, suas cobranças, mas quando há amor existe aceitação, confiança, indulgência.    Ainda que não seja possível  a convivência, mesmo na distância,  a comunicação não seja frequente,  o amor supera todos as restrições  e mantém-se firme.    Amar é uma escolha, mas quando acontece, viraliza de tal forma que impregna todo o ser. Por isso, não há intercorrência. 

Beleza divina

  Quem já se libertou da exigência  de simetria como referência pode ver beleza na desproporção, no disforme, no mutilado. Prova disso é como são apreciadas as fantasias do halloween. Aprendemos a achar belo os recém-nascidos, vemos beleza nas rugas dos avós, o amor torna tudo e todos belos.     Há beleza no desastre, na devastação, na enfermidade, na morte. Sem a morte não seria possível apreciar a vida. A beleza da tragédia é apreciada através da arte, que também acolhe o grotesco.    Toda criação é bela, o feio é um conceito humano para rejeitar o que não é padrão. Por isso se diz que a beleza está nos olhos de quem vê. Eu complemento, nos olhos, na mente e no coração. 

Destino

  Saudade que revigora é feita de boas lembranças e gratidão. Saudade doída  mantem presente o que passou, tenta reter o que não mais existe. Nem todos que passaram na minha vida eram meu destino, mas todos me trouxeram significado que descobri ao me investir de ânimo de aprendiz.    Ressignificar o passado cobrou de mim transformar o que me feriu em algo que me fortaleceu, converter a dor em resiliência, buscar razões para a adversidade, fazer da vulnerabilidade potência, sustentar a firmeza dos passos em pernas bambas, banir do peito o que adoecia o espírito. Não posso apagar memórias, mas posso dar a elas um novo destino.    Doeu e pediu coragem encarar o eu genuíno e descobrir que quem eu pensava ser era apenas uma falsa imagem. Guardo o eu real ao zelar, velar, fazer vigília por ele. Guardo e deixo ele brilhar para servir de inspiração e incentivar outros a expressarem os seus. Brilhar é o destino de todos.  Não me assusto quando as coisas co...

Bela é a vida

  Quando penso nos belos momentos que a vida me ofertou, lamento o tempo  em que me detive com lamentações.  Há sofrimentos que não são reais, são frutos da mente, são produtos do voluntarismo, da recusa em aceitar  as coisas como elas são. Não quero dizer com isso que a tristeza não é bem-vinda, todos os sentimentos os são.  O desperdício de tempo está  em prolongar o estado depressivo, quando há tanto para expandir.    Bela é a vida, é belo acordar todos  os dias com os órgãos cumprindo  suas funções, os sentidos funcionando,  o cérebro ativo. É belo o sol ressurgir,  a lua voltar a brilhar, novas sementes, novos frutos brotarem, águas continuarem a correr sobre os leitos dos rios,  o movimento das ondas continuarem constantes. É belo o perfeito equilíbrio entre estabilidade e impermanência, é assim que me sinto.    A beleza da vida está em seu contínuo, na harmonia de sua composição,  e é belo como me ins...

Desidentificação

A sensibilidade me leva ao êxtase, mas também me joga no inferno. Por muito tempo me distanciei emocionalmente porque sentia intensamente a ponto  de a respiração ficar curta, o coração acelerar, e ser dominada por uma inquietação ansiosa que não encontrava lugar para ficar. Depois do excesso  de ansiedade, vinha a prostração,  a apatia.    Tenho tendência a me deprimir,  se com facilidade me sinto puxada para baixo, em contanto com pessoas pessimistas ou hipocondríacas.   Se me sinto pressionada, sentimentos mal resolvidos emergem, perco o controle  de mim. De uma certa forma, ajuda-me  a olhar para o que preciso curar.     Hoje tenho consciência de que não preciso me punir não ficando bem porque quem eu amo está mal, pelo contrário, preciso de momentos de alegria e paz para recarregar as energias,  se eu sucumbir não estarei disponível para  ninguém. 

Espelho

  Pedis e obtereis. Quando se deseja algo, o que primeiro surge são os obstáculos.  A experiência pode ser o termômetro para avaliar onde estou e para onde quero ir.  A crença na escassez me faz ver como possibilidade o que já está fadado ao fracasso. A situação dá pistas, como elogios forçados e imaturos para  o primeiro contato, seguidos  de silêncio quebrado por respostas monossilábicas, palavras dúbias  e evasivas. Insistir seguir com esse quadro é infrutífero. Mais vale ouvir  a intuição, dar atenção às sensações  e emoções desagradáveis que venham  a surgir.    A lei da atração não falha, passada  a frustração, é comum eu ver meu próprio reflexo estampado no outro,  a insegurança e a hesitação ali ostentadas. Acontece de eu dizer sim, enquanto cresce um não dentro de mim. Mesmo seguindo em direção ao encontro, dúvidas de toda sorte me atormentam.   O que resulta é a necessidade de alinhar onde estou com o caminh...

Confiança e fé

Diante da impermanência da vida, sei que vou me frustrar se eu quiser ter controle das coisas. Mas como saber que direção seguir, que decisão tomar, que parâmetro adotar sem ter segurança do que acontecerá em seguida? Ainda que   me cerque de informações e decida com fundamentos, tudo pode mudar de uma hora para outra.     Quando eu acordo de manhã, não sei se está chovendo ou se faz sol, nem se tem água no chuveiro, tão pouco se conseguirei cumprir os compromissos  do dia. Mas não dá para viver com  a angústia da incerteza, então faço suposições, crio certezas, afasto   a dúvida.   Uma certa dose de confiança é necessária, o importante é aceitar   a possibilidade de contratempos, imprevistos e impedimentos que mudem  a situação e me adaptar à situação.    Para estar em paz é preciso exercitar  a confiança no movimento da vida e fé   na ordem universal que criou um sistema perfeito onde todos os elementos se encaixam,...

Des-engano

  Ao contrário de como interpreta o senso comum, eu vejo o desengano como algo libertador, porque me tira do equívoco.  O problema está na atitude diante   dessa emoção. Ela cresce de tamanho  e se converte em algo ruim quando vem acompanhado de esmorecimento,     tristeza,     inércia, desalento.   A mágoa que dela resulta decorre do ego ferido, do voluntarismo, da não aceitação da realidade. Quando não me levo tão  a sério, posso dar boas risadas   do equívoco, e tirar uma bela lição disso.    Quando eu considero que a vida não erra, que a ilusão muitas vezes decorreu de erro de interpretação do contexto  ou da atitude alheia, é muito mais fácil superar o episódio e seguir em frente. 

Não me desespero

  Não me desespero   Por várias razões dificilmente me desespero. Acredito que para tudo há uma saída e que manter a calma é a melhor atitude para encontrá-la. Quando estou numa situação crítica, costumo  me perguntar se eu conseguiria sobreviver, mesmo que aconteça   o indesejado, e até hoje não tive por resposta um não. O que me salva   da desolação     é me desapegar   do desejo ou do medo, é libertador.   Isso não quer dizer que eu não tenha momentos de agonia, de ansiedade,  de exasperação. Nem sempre o coração acompanha mente e chega a seguir caminho oposto. Na verdade,  só me tranquilizo quando consigo   me conectar com a confiança   na benignidade da vida e na providência divina. Aí eu lembro de como Deus veste o lírio do campo e aguardo o tempo  Dele.   

Vulnerabilidade

    Houve um tempo em que eu me julgava forte porque não me deixava abater, evitava ser afetada pelo que quer seja, sentia-me inabalável. Entretanto, tinha episódios cíclicos de adoecimento, assim como perdia o controle emocional  em situações inusitadas.     Com as experiências trazidas pelo tempo, fui percebendo que eu era tocada  pelas pessoas e acontecimentos,  mas evitava sentir os estímulos sensoriais correspondentes, me distanciando emocionalmente. Eu era uma autômata, comandada pela mente, dissociada   do coração.   Confundia vulnerabilidade com fragilidade, com fraqueza. Agora eu sei que ser vulnerável potencializa o vigor, pois corpo e mente precisam de incitação para manterem-se ativos.     É na vulnerabilidade que eu afirmo minha força, desenvolvo resiliência para lidar com a impermanência da vida.  A fragilidade se dá justamente quando   me alieno dos efeitos provocados   pelas interseções, pelos enc...

Caleidoscópio

  Às vezes me sinto em retalhos como pedaços de vidros de um caleidoscópio. Quem me visse ali pensaria que era uma mera ilusão de ótica, uma composição colorida de fragmentos refletidos no espelho.    Se assim fosse, ao girar o caleidoscópio, meu desenho se reorganizaria, o ângulo mudaria. Se eu me visse a partir da ótica do outro, concluiria que estou apartada de mim.     A mente sabe não estou cindida, que há versões de mim ligadas entre si, criando formas bem definidas e harmônicas.  A cada movimento que faço, surge   um novo aspecto com outras cores   e configurações, mas em conexão com  as demais. Sou um ser multifacetado   e mutante, flexível como as imagens   do caleidoscópio. No entanto, para   me sentir inteira, o coração precisa integrar cada aspecto de meu ser   e internalizar o sentido de unidade.

Julgamento

  Uma vez alguém me disse que eu julgo muito as pessoas. Isso me impactou porque eu não via no julgamento algo  a ser criticado. Sentia-me envaidecida por ser capaz de fazer o perfil de alguém só pela suas atitudes e posturas. Não entendia que minha percepção estava comprometida por uma atitude defensiva.     Depois de muito refletir, conclui que há  muito mais de mim imerso do que o que está na superfície, e ainda existem aspectos que nem eu mesmo conheço. Se eu não me conheço por completo, como posso ter a pretensão de fazer ilações sobre o outro?   Foi então que entendi que julgar alguém  é uma atitude temerária e inconsequente. É sabido que muitos vestem  uma personagem para serem bem-vistos, amados, lisonjeados. Outros mostram  seu lado indesejado de forma involuntária e não conseguem mostrar quem realmente são.    O julgamento é uma tentativa de controle, uma forma de não ser surpreendido com o inesperado, é uma análise c...

Viver além

  Já me senti aquém do meu potencial, num ritmo vertiginoso que não era meu, supondo que assim compensaria  o descompasso. Estava com alguém que me puxava para baixo, que não   me deixava, mas me fazia sentir o efeito colateral da relação.   Quando me libertei, me empoderei  e encontrei meu real ritmo pude ver   o quanto estava perdendo por deixar  de ser quem eu era. Sei que ainda posso ir além e a cada dia busco me ampliar   a potência.   Não espero para me tornar quem eu quero ser porque o que vai acontecer já está acontecendo, é um contínuo que se expande a cada minuto. Eu sou a melhor versão de mim mesma nesse momento.      

Falta de você

    Não conheço você, não sei seu nome, sua aparência, o que você pensa e sente,  do que você gosta, seus hábitos, sua maneira de ser.    Não te conheço, mas sinto sua falta, pressinto sua proximidade, meu campo vibracional ressoa com o seu.    Iremos nos reconhecer? Quem sabe um dia, ao atravessar a rua nossos olhares se cruzem, a sintonia se firme,  e o encontro aconteça?   Enquanto o sonho não se realiza, sigo cuidando de mim, mantendo a porta aberta e o coração receptivo para quem chegar. 

Meu

Passei tanto tempo convivendo com  um parceiro que fusionei os hábitos,  as maneiras, o jeito de ser dele de tal forma que não sabia mais o que era meu e o que era dele.    Só consegui me despojar do que não  me pertencia quando me distanciei,  e descobri que eram minhas muitas falhas que atribuía a ele. Achava que a troca não era equivalente, quando na verdade eu é que dava além  do suficiente, mais do que ele era capaz de absorver.    Foi um longo tempo de reencontro comigo mesma, de reconstrução, de descobrir quais eram minhas preferências, do que gosto, o que quero de verdade, e até agora tenho dificuldade para descobrir  o que de fato é meu.    Ainda há em mim resquícios dessa história que tento me desfazer.  Por me fundir com ele, não sabia quem  de verdade estava amando, se era ele,  minha própria imagem projetada,  ou a figura idealizada de um companheiro.     Há coisas sobre mim ...