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VOCÊ ME ENTENDE?

  A palavra é bênção que cura, é faca que fere, amargura, é dúvida e confusão, é encantamento e  doçura mistério, disfarce, ocultação.   Essa linguagem cifrada, de várias interpretações ignora o efeito que causa no leque das opções.    A palavra é vibração que ressoa singularmente, frustra quem a lançou  ao supor que é entendida em sua mente.   E nem pensar que o silêncio  seja afinal a solução, em vão querer decifrá-lo    só causa angústia e aflição.   Mas há um ponto na costura que acolhe quem ouve  e  quem fala,  é o cheiro do sentimento que todo pensamento exala.

DESAFIO ACEITO (De Edmilton Torres e Carlos Bezerra)

  Todo passado é estruturado Pelos tijolos da experiência E tirar dela o aprendizado E o que traz toda sapiência   Não basta ser sonhador Assim a sabedoria frisa O retrovisor tem seu valor  Assim como o parabrisa   Mas o amor e a magia modela o sonho sonhado É alimento,  é melodia No mundo lírico maturado   No inviolável da mente É importante atinar Fincar os pés qual semente E a cabeça nas nuvens voar 

À BEIRA DO PRECIPÍCIO

  Quem nessa vida já sofreu a dor do amor que perdeu, ou que nunca foi seu, por certo há de hesitar quando novo amor apontar.   Enquanto em aflição hesita  o amor se perde, se dissipa, torna-se  medo e confusão. Amar,  por certo, precisa de entrega e arrebatação.   A vida vivida que se fez, por certo é incerta e convida  a se arriscar mais uma vez   Pior  que a dor que sofreu é ter que emudecer o anseio,  e chorar pelo que não viveu      Nesse dilema convém perguntar: quem tem coragem de se lançar?

MEUS EUS

Eis-me aqui a vislumbrar os meus Eus ... Sou a multidão sedenta, ávida de sabedoria e paz A que aprende enquanto ensina na vibração de quem  fala  e no silêncio de quem escuta no ver, no observar e no sentir na experiência e no que vem depois ...   O fio que tece  o destino O ponto que dá sentido ao que faço O nó a ser desatado A teia de minhas experiências    O subjetivo no objetivo O círculo dentro do quadrado Linha sinuosa no encontro da  reta  A figura seguindo a espiral O paradoxo dual  imerso no universo do UM    Sou simples e tão complexa, Análise e metáfora Charada em livro aberto O quebra cabeça a ser feito  O espelho do que vejo fora e também dentro de mim. O impulso do encontro  e o freio da hesitação  A que dá e sonega a que acolhe e rejeita  Aquela que segue o desconhecido e quem também o teme     Eu sou a  árvore que me dá sombra a raiz que me sustenta o fruto...

GESTAÇÃO

  Ah, o transitório ...   Tu que moves o estático,  que giras a roda da vida, que impulsionas o fluxo, mostras-me que nada é perene.      Conduzas-me ao hiato,  ao vazio,  ao vácuo,  tão prenhe e obscuro,  tão ancestral e tão novo.   Em meu casulo te espero. Consagro-me ao que sou, feita de  diversos prismas, singular e plural, em mim.   Paciente, maturo o próximo ciclo. 

EU E A BRISA

                     Eis que é primavera, e uma brisa me acordou  o pulsar da vida.   Chegou de mansinho, colorindo meus sonhos,  exalando amor. Convidou-me a viajar  em suas asas  flamejantes.    Arrepiou o meu corpo com suas mãos quentes e suaves.  Fez-me plena, viva, ardente, vibrante.   E assim como veio, seguiu, deixando saudades ... Que nome terá essa brisa?       

CÔNCAVO E CONVEXO

                                     Em mim, há um outro eu, que é  meu oposto Enquanto sou idealista, ele é realização Tenho os pés no chão, ele é só fantasia  Quando ele teoriza, e eu já estou na prática  Sou  intensa, e ele é suave. Quero aventura, ele quer segurança Sou feita de sol, ele de lua. Sou amor, ele é medo.  Eu tento fluir e ele retém. Sou movimento e ele é estático. Ele é laboratório e eu  experimento. Enquanto escolho  o próximo passo, ele se senta.    Como é possível o mesmo ser  duplicar tanta contradição? Tudo fica travado nesse cabo de guerra E o côncavo e o convexo não se encaixam.   

A DANÇA DOS ELEMENTOS

                                            A paz primaverou em flores delicadas e  ternas de meu Ser.    Honro a guerreira  mutante que sou, cuja arma é a força  em firmar cada passo.   O feminino desponta com as bênçãos  do masculino em mim,  pois encontrou, enfim,  o seu lugar.   Confiante, entrego-me ao fluxo das experiências.   Acolho e reverencio a vida. Tudo em mim é leveza e amor  

MAYA E O BARBA AZUL

  Um ponto de luz hiberna em caverna acolhedora e úmida. Há um cordão que o conecta com nutridora fonte. O embrião cresce e se desenvolve.  Ao se vestir de matéria, seu brilho diminui e a caverna escurece.   Quando está pronto, inicia sua jornada,  rumo ao desconhecido. A luz agora o incomoda, pois esqueceu de quem é.  Aos poucos, vai diferenciando de si a fonte materna. Começa o aprendizado humano de estar no mundo.   Enfrenta as dificuldades da gravidade,  que torna penosa a locomoção, tem um corpo que cresce, órgãos que se desenvolvem, carece de respirar para estar vivo.   Experimenta sensações e sentimentos que o confundem, uma linguagem que desafia a compreensão e muita, muita informação ...  Precisa entender esse mundo de tempo e espaço, e como lidar com ele.   Paradoxalmente, o maior desafio é a interação com outros pontos de luz, que pensam ser o corpo que lhe permitiu chegar ao mundo.   Sem saber por que está aqui, a cada d...

A VIAGEM

                    Um ponto de luz hiberna em caverna acolhedora e úmida. Há um cordão que o conecta com nutridora fonte. O embrião cresce e se desenvolve.  Ao se vestir de matéria, seu brilho diminui e a caverna escurece.   Quando está pronto, inicia sua jornada,  rumo ao desconhecido. A luz agora o incomoda, pois esqueceu de quem é.  Aos poucos, vai diferenciando de si a fonte materna. Começa o aprendizado humano de estar no mundo.   Enfrenta as dificuldades da gravidade,  que torna penosa a locomoção, tem um corpo que cresce, órgãos que se desenvolvem, carece de respirar para estar vivo.   Experimenta sensações e sentimentos que o confundem, uma linguagem que desafia a compreensão e muita, muita informação ...  Precisa entender esse mundo de tempo e espaço, e como lidar com ele.   Paradoxalmente, o maior desafio é a interação com outros pontos de luz, que pensam ser o corpo que lhe permiti...

APENAS UM DOM - Melânia Vieira

Estou pensando... Porque recebi o dom da palavra? Porque sou capaz de expressar com tanta clareza a minha visão de vida? Porque me é tão fácil transformar em um texto fluido e coerente meus pensamentos fragmentados e sôfregos sobre minha insossa existência? Meus textos são meus caminhos: trilhados e sofridos, imaginados e desejados, bonitos e nem tanto, mas mesmo assim são, simplesmente, minha história. O que me inspira? A luz e o escuro, o dia e a noite, a faca e a colher, o que provoca e o que acolhe, a fome e o choro, a fuga e o encontro, o desejo e a busca, a vida e a morte, o princípio e o fim. E no meio... Estou apenas pensando...

O QUERER - do livro "De Algum Anel Azul"

    O querer, querido É uma flor efêmera Que nasce sol E morre lua É frágil, delicado E sem rumo Supõe querer Quiçá o quê É um anseio indecifrável Que vem e vai Que surge e se esvai Nuvem que se dissipa É um estado Uma sensação Etérea Que arde e queima E tonifica Uma busca Às cegas Um olhar Sem visão Um sonho Um desejo Que maltrata Sem perdão O querer ... Ah bruta flor, bruta flor

NOSTALGIA - Do Livro "De Algum Anel Azul"

  Lembras, amor do tempo de acolhimento e cumplicidade? Dos risos sem motivo, do aconchego no abraço, da presença no olhar do carinho no afago, do beijo inundado de amor? Não há que se lembrar, quiçá o sonho é só meu. Ah! saudade doída daquilo que não se deu.

MERGULHO NA MENTE - CARLOS BEZERRA

Lanço-me ao meu interior num mergulho abissal a procura do eu profundo, e, nesse mergulho, atinjo o âmago da minha mente. Nesse espaço confuso encontro ideias em redemoinhos repletos de pensamentos paradoxais. Vagar nesses espaços abissais é ao encontro da loucura; descubro a inutilidade da busca, recuo à superfície dos meus pensamentos e me curvo a condição humana, permanecendo-me insondável e enigmático comigo mesmo, o que é minha sina.

TRÊS SENTIDOS (do livro De Algum Anel Azul)

  Houve um tempo em que não podíamos nos tocar O nosso olhar percorria distâncias ilimitadas Mas não podíamos sentir o cheiro uns dos outros A nossa voz ecoava por todo o planeta Mas carecíamos de proximidade, de presença Os nossos ouvidos eram antenas que tudo capturavam Mas o contato físico era uma vaga lembrança   Só tínhamos três sentidos E através deles construímos um elo, um sentido Voltamos o olhar para o belo, o que encanta, o aprendizado Sintonizamos a escuta para a compaixão e o amor Disciplinamos a fala para a leveza, suavidade, doçura   Os sentidos adormecidos nos lembrava os sentidos que perdemos   O sentido de Ser Humano O sentido de estarmos aqui O sentido das experiências O sentido das relações O sentido da convivência O sentido da vida   Dois sentidos esquecidos nos mostrava o valor de sermos inteiro E o sentido da interação de todos os sentidos E que só o amor faz sentido      

ISOLAMENTO (do livro De Algum Anel Azul)

  Conviver é proibido. Na solidão percebi a estranheza de mim, a solitude,  o auto isolamento.   No fundo do silêncio Ressignifiquei vozes, atualizei o presente, ocultei o futuro.    Ao apartar,  acendi saudades, memórias de tempos felizes, de acertos e desacertos.   O exílio sussurrou  que estive mais nele   do que no mundo. O tempo desperdiçado.   Sondei os recônditos mais escondidos, e lá encontrei  paixão, amor e medo, alegria e tristeza. Minha teimosia, a birra com Deus, dúvida e fé.   O retiro não me é estranho. É meu companheiro, defesa e escudo,  alento e lar.   Escolho sair do casulo e alço voos da imaginação, do prazer, do sensível.   O isolamento é reflexão. É escolha, é decisão. Não é preciso forçar.                  

TUM, TUM, TUM, TUM, TUM, TUM (Do livro de Algum Anel Azul)

                                                Tum tum, tum tum, tum tum Ouço em meu peito uma batida  Um latejar que oferece vida Um pulsar que lembra ondas Que vêm e que vão   Tum tum, tum tum, tum tum Algo que contrai e expande Que lembra o anseio profundo Que bombeia com vigor  E tece cada fibra do Ser   Tum tum, tum tum, tum tum A cadência de um trem A distribuir  destinos Tambor anunciando futuros Clamor de preces uníssonas   Tum tum, tum tum, tum tum Uma cor (em)  ação Uma faísca que se faz luz Uma centelha de DEUS A despertar  quem somos   Tum tum, tum tum, tum tum O AMOR LATENTE VICEJANDO               

Lua - Lúcio Ferreira (do livro Contadora de Estrelas)

                                                 A espera é um gesto em minhas noites. Lento. Aparente. Uma valsa de luar. Um canto de cisne dentro da lua. Lua primordial, que antecedeu o chegar do sol e limpou seus espelhos. Agrimensora das nuvens. A que traz o céu para lavar as almas e os naufrágios.               Há sempre um satélite, perambulando no grande revezo. Pedaços de neve nas pastagens meridionais. Chocalho no sono. Lince e espera nas gargantilhas da madrugada. Depois a voz do silêncio e seu azul genuflexo – que nunca se vê, senão ao pé do que fica e reza antigos esquecimentos. E logo em seguida, o que era espaço e se agasalhou no píer escuro do porvir.          ...
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Os Elementos (do livro Contadora de Estrelas)

  Em mim, Perene é o rio de águas revoltas e dele não atino.    Represa rompida, perco-me no asfalto, evaporo-me no tempo. E a chuva e o vento e a   terra e o sol reciclam.  

Vagas (do livro De Algum Anel Azul - em edição)

Imersão, promessa, dádiva som, fluidez,   forma, cor vida em movimento, amor Mar que me leva, me leva mar   Frescor, lúdico, encanto ondulação, espuma, corrente sal, horizonte, imensidão Mar que me leva, me leva mar   Desafio, aventura, destino regresso, porto, âncora, farol Mar que me leva, me leva mar   Lendas, mitos, revelação, rebentação, vagas, desconhecido Mar que me leva, me leva

Os Mosqueteiros (do livro Para Quem Não Tem Colírio)

    Estou na cassa de uma amiga, aguardamos seu irmão e amigos para o almoço. Ao chegarem, observo que em um deles, faltando pedaço da sobrancelha.     - Passou no vestibular?     - Não, cairam, assim como alguns da cabeça, é estresse.     Fiquei intrigada de como um jovem da geração coca-cola, parecendo não estar nem aí, chega a esse nível de doença.     Ironizei: - que grandes negócios você deixou de fechar?     - Tudo começou quando comecei a trabalhar numa empresa de informática. Estava muito empolgado, até que houve mudanças, as metas mais apertadas. Fui excluído da equipe porque tirei licença médida, meu chefe achou que eu não era capaz de aguentar pressão. A namorada queixava-se de minha ausência, do tempo que dedicava aos amigos. Perdi o emprego e a namorada. Então começaram a cair os pelos. Pode não parecer, mas tenho vinte e cinco anos. Tinha uma meta, pretendia já ter vida estável e patr...

Cenário (do livro Para Quem Não Tem Colírio)

A brisa fria movimenta a cortina, acenando os primeiro raios de sol. Chega tarde à chama esmaecida, consumida pela cera que emoldura o castiçal. Duas taças de vinho lamentam o vinho afogado no balde. Colorido da saia farta, espalhada no sofá, contrasta com o rosto pálido da noite em vigília. A virgindade da mesa bem posta atrai o olhar, antes fixo na porta. Ofuscados pelo sol, os olhos fecham e expulsam lágrima retida. Sem ânimo para abrirem, ali mesmo adormecem. Através da janela, um triste rosto masculino observa. Sacode a inércia que o reteve tão próximo. Ouve-se, ao longe, o ruído de seus passos fracassados. À humanidade, a solidão de não ser compreendida nas hesitações dos sonhos. Na ausência do diálogo, as drogas.

Fênix (do livro Fênix)

Julgas enganar-me? Meu olho não é desse mundo penetra em fosso profundo e decifra o imponderável. Acreditas envolver-me? Aguda é a minha voz escudo contra algoz é acorde, é sinfonia. Pensas que me dominas? Deixo que te exponhas para que tuas façanhas dê a sentença de morte. Crês na minha derrota? Sob vergônteas repouso, do cinza ao fogo é colosso, desponta o vôo certeiro.

Tear (do livro Fênix)

Sou de um tempo sem dias Venho de um lugar sem chão Costume e roupa não havia Palavra era um embrião Lembro de um instante, hora de tudo criado, em que bastava existir para se sentir amado pensar não era preciso de onde hoje regresso Em cada semblante inscrito havia todo o universo Volto, e de lá, não saí Afinal, que sou recordo Percebo que para existir é apenas estar a bordo.

Bumerangue (do livro Contadora de Estrelas)

Quando prendo, perco Ao perder, procuro E buscando, encontro No encontro, solto E soltando, volta No retorno, vejo Observo e integro O que integro, amo E o amor liberta

Os Elementos (do livro Contadora de Estrelas)

Em mim, perene é o rio de águas revoltas e dele não atino. Represa rompida, perco-me no asfalto, evaporo-me no tempo. E a chuva, o vento, a terra, o sol reciclam.

Amor (do livro Caleidoscópio da Vida)

O amor não se traduz, se vive Rejeita rótulos, não incorpora regras Não aceita limites, não tem forma ou lugar Não veste disfarces, não desempenha papéis Ele simplesmente existe, está disponível em sua fonte inesgotável, à espera de quem venha dele beber, para nunca se saciar. Possamos nós, no invernos da vida, disso lembrar

Felicidade (do livro O Caleidoscópio da Vida)

Para feliz se viver só uma coisa é preciso, parte da teia fazer, tecer, paciente, o tecido.