MAYA E O BARBA AZUL
Um ponto de luz hiberna em caverna acolhedora e úmida.
Há um cordão que o conecta com nutridora fonte.
O embrião cresce e se desenvolve.
Ao se vestir de matéria, seu brilho diminui e a caverna escurece.
Quando está pronto, inicia sua jornada,
rumo ao desconhecido.
A luz agora o incomoda, pois esqueceu de quem é.
Aos poucos, vai diferenciando de si a fonte materna.
Começa o aprendizado humano de estar no mundo.
Enfrenta as dificuldades da gravidade,
que torna penosa a locomoção,
tem um corpo que cresce,
órgãos que se desenvolvem,
carece de respirar para estar vivo.
Experimenta sensações e sentimentos
que o confundem,
uma linguagem que desafia a compreensão
e muita, muita informação ...
Precisa entender esse mundo de tempo e
espaço, e como lidar com ele.
Paradoxalmente, o maior desafio
é a interação com outros pontos de luz,
que pensam ser o corpo que lhe
permitiu chegar ao mundo.
Sem saber por que está aqui,
a cada dia distancia-se da fonte.
E perdido estaria, não fosse
a necessidade de se agregar,
o impulso em direção ao outro,
o amor aflorando na convivência.
Juntos, vão descobrindo sentido
para a vida.
Ao se permitir sentir,
centelhas de luz abrem caminho
e ajudam o despertar do Ser.
O tempo passa, as experiências acontecem,
a compreensão, o amadurecimento.
É chegada a hora de seguir viagem,
se despir da roupa humana e voltar à Fonte.
E lembrar que é um ponto de luz
que viveu uma experiência humana.
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