Cenário (do livro Para Quem Não Tem Colírio)

A brisa fria movimenta a cortina,
acenando os primeiro raios de sol.
Chega tarde à chama esmaecida,
consumida pela cera
que emoldura o castiçal.
Duas taças de vinho lamentam
o vinho afogado no balde.
Colorido da saia farta,
espalhada no sofá,
contrasta com o rosto pálido
da noite em vigília.
A virgindade da mesa bem posta
atrai o olhar, antes fixo na porta.
Ofuscados pelo sol, os olhos fecham
e expulsam lágrima retida.
Sem ânimo para abrirem,
ali mesmo adormecem.
Através da janela,
um triste rosto masculino observa.
Sacode a inércia que o reteve tão próximo.
Ouve-se, ao longe, o ruído de
seus passos fracassados.
À humanidade, a solidão
de não ser compreendida
nas hesitações dos sonhos.
Na ausência do diálogo,
as drogas.

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