Dispersão

 Quero reter o tempo e ele me escapa. Como o instante é um ato contínuo, se eu me mantiver nele, viverei o eterno. Perco, portanto, a experiência da eternidade, por não estar presente no instante.


Para alguém dispersa como eu, o tempo é fragmentado. Na dispersão, não estou em lugar nenhum, transito entre vários. Qualquer coisa me distrai e me tira do foco. Quando retorno, as coisas mudaram, como um filme quecontinuou passando enquanto eu não estava assistindo. Há um hiato de tempo perdido, que não pode mais ser recuperado.

A dispersão é ausência que me afasta do instante, quando volto, não tenho como recuperar o que perdi. Qualquer acontecimento, qualquer coisa dita pode me lançar no passado ou no futuro, me tira do presente.

Enquanto estou ausente, a vida continua, as oportunidades passam, a experiência não se completa. Estar no presente
me exige um grande esforço. Estou presa entre o passado e o futuro, ou seja, vivo num espaço atemporal entre o que já foi e o que ainda não aconteceu. Mas a vida continua, não espera por mim.

Como diz Oswaldo Giacoia Junior, há que estabelecer “uma relação essencial entre o instante e a eternidade. Isto significa viver de tal maneira que você possa ser capaz de não se arrepender de nenhum instante de sua vida”.

A dispersão mental decorre de uma multiplicidade de estímulos que sobrecarregam os recursos de atenção. É o risco que pessoas com uma inteligência mais criativa e intuitiva correm de não conseguirem focar sua atenção. Essa é uma das características da mente que tem déficit de atenção, como é o meu caso.

Para mim, é um desafio viver cada instante, ou seja, não me afastar dele, estar presente de corpo e alma, sentindo a vida como ela se apresenta. Preciso tomar consciência da fuga e retornar para onde deveria estar.

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