Eu e a criança que fui

 

 

Se eu me encontrasse com a criança que fui, imagina que ela me diria: “Você se esqueceu de mim, e ao me apagar de sua memória eu quase morri. Você fala de desamparo, mas essa fala não é sua, você a roubou de mim. Você diz que se sente frustrada, mas sou eu que me decepciono a cada momento com você. Foi isso que me tornei? Você não podia fazer melhor?”

 

Ao ouvir isso, sinto que fracassei, que não fui a mãe que você precisava ter, que não a honrei, que tentei abafá-la dentro de mim. Quero que você saiba que eu sinto muito  por ter lhe virado as costas. Talvez eu não quisesse sentir o que você sentiu, no entanto sempre você esteve presente como uma sombra que me deprime e me deixa ansiosa. Uma sombra que eu não via, mas sentia. Quando sua presença se torna mais forte, eu penso, ajo e sinto através de você, não sou capaz de me comportar como o adulto que sou e que você precisa. Quero acolhê-la em meus braços, consolá-la, ouvi-la como ouvi agora. Serei capaz? 

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