Agressividade
“Para quem só tem martelo, todo objeto é prego.” (ditado popular)
Na minha família havia muita violência verbal, e quando isso acontecia, eu tentava ficar invisível, com medo de que ela se voltasse para mim.
Como não poderia ser diferente, atraí um parceiro que também praticava esse tipo de violência, só que não era da mesma forma. Ele me desqualificava,
me depreciava usando de sarcasmo e ironia.
Enquanto eu me colocava no lugar de vítima, não percebia a própria agressividade. Minha postura era violenta, exalava agressividade de tal forma que ninguém ousava me confrontar. Intimidava meus filhos com ameaças e gritos. Não sabia expressar o que eu sentia, e quando queria algo me impunha ostensivamente para obtê-lo. Minha expressão facial era dura, minhas mandíbulas travadas, era agressiva, ainda que não usasse de termos ofensivos.
Há muitas formas de violência, o silêncio, o afastamento sem explicação, a indiferença, o sarcasmo, a ironia, a agressividade passiva expressa por vitimização, procrastinação, teimosia, ressentimentos, desejo de que o outro se dê mal, entre tantos outros.
Esse ditado que diz: “para quem só tem martelo todo objeto é prego” se encaixa perfeitamente a como eu era. Só aprendi a ser agressiva, então atacava até quando não era necessário.
A agressividade era minha defesa. Ela escondia o medo, a covardia, a insegurança e a menos valia.
Só com a maturidade aprendi a aceitar que não posso ter tudo e que está tudo bem; que a conquista por meio de violência tem um preço amargo.
Comecei a aceitar que alguém pode não gostar de mim e que isso não me diminui. Desenvolvi a comunicação não violenta e estou aprendendo a expressar o que sinto.
Ao assumir a responsabilidade pela minha vida, saí da vitimização e entendi que aquilo que o outro sente é dele e a mágoa é a resposta para a interpretação dele ao que supostamente eu fiz.
Agora não tenho mais só martelo, outras ferramentas foram introduzidas ao meu repertório relacional.
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