Amante imaginário

 

“Você nunca vai ser feliz amando quem não existe.” “Te amo só um pouquinho” – seriado 

 

Começou na infância. Para fugir do ambiente de brigas e agressões verbais eu criei um mundo imaginário. Nele, pai e mãe cuidavam de mim, tudo era perfeito. Na adolescência, entrei no mundo de fotonovelas, eu fantasiava ser uma personagem, escolhia o par perfeito.

 

As relações que tive na adolescência e juventude não tinham como dar certo, eu tinha um parâmetro inconsciente muito alto e ninguém conseguia competir com esse amante imaginário.

 

Dificultando mais ainda uma convivência harmoniosa, esse amante imaginário não era consciente.

 

Lembrei o que uma amiga me disse: “Você vive se cuidando, não sei para quem você se guarda”. Eu vivia com um pé fora da relação, nunca renunciei a esse personagem.

 

Escolhi relações que desde o nascedouro não tinham como dar certo, e tenho dúvidas agora do que eu sentia por cada um deles. Relações que reproduziam a de meus pais, enquanto estava encastelada esperando o salvador que iria me salvar. 

 

Quando percebi isso, fiquei sem chão. Passei a vida toda esperando alguém que nunca chegaria. Enquanto esperava, desperdiçava a chance de viver o amor real. 

 

O amante imaginário era o porto seguro que me acompanhou a vida toda sem em saber. E agora que eu estou só ele se revelou imponente. É alguém conveniente para quem não quer se arriscar com relações reais. 

 

É hora de me despedir dele e por os pés no chão, de deixar o imaginário para a ficção. É tempo de investir naqueles que me rodeiam e em quem entrar na minha vida. Sem fantasiar, sem glamour, sem ilusão. 

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