Vale da sombra da morte
“Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo.” Salmo 23:4
Toda mãe receia os perigos da vida e tenta proteger seus filhos. Eu não fui diferente. A angústia que me afligia amenizou quando eu os entreguei aos cuidados de Deus.
Acredito que o destino de cada um está traçado pelas suas próprias escolhas, se não desta, mas de outra vida. O inevitável não pode ser mudado.
Podemos, sim, traçar novos caminhos, mudar o rumo, mas não sabemos se a mudança é suficiente para alterar o resultado do que deflagramos.
Em sentido figurado, penso que o vale da sombra da morte é a vida que levamos, a cada dia nos expomos a riscos de toda sorte, impossível de prever ou evitar.
Todo dia atravessamos o vale da sombra da morte e surgimos do outro lado vivos. Um dia, que ninguém sabe quando, não sairemos mais de lá.
Ouvi uma irmã respondendo à outra que queria salvá-la dos riscos dizer: “só tem um jeito de morrer?” Esquecemos que passamos por mortes diárias, seja de quem fomos ontem, seja quando quebramos ilusões, seja vivendo o luto de ver nossos sonhos frustrados. A morte é o outro lado da vida e vice-versa, como o côncavo e o convexo.
A morte está contida na vida e há vida na morte. A morte ronda, observa, espera o momento certo para agir. Se não fosse a morte não existiria vida, teríamos uma existência estática, não expandiríamos, não mudaríamos, não alcançaríamos a maturidade.
Não temer mal algum porque temos resiliência para enfrentarmos qualquer situação adversa e opressora e transformá-la em desafio, aprendizado.
Não temer mal algum é confiar no desenrolar da vida, que vez por outra abre espaço para a morte nos ajudar a renascer.
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