Unanimidade

 

Quando se coloca algo em votação, pretende-se unanimidade. Comungo 

do ditado que diz que toda a unanimidade é burra. Mesmo quando há concordância, ela acontece não pelos mesmos motivos, nem se considera o mesmo ponto 

de vista, que é pessoal, a estrutura da ideia não tenha a mesma base. Às vezes se concorda por preguiça de ter as próprias opiniões, ou por covardia, evita-se o confronto por medo de rejeição. 

 

Algumas pessoas desaprenderam a lidar com a divergência, com pensamentos 

e entendimentos diferentes, e reagem com hostilidade como se o opositor fosse o inimigo. 

 

Vários fatores contribuem para essa atitude, imaturidade, querer impor seu ponto de vista, ter a mente fechada para novas ideias, não saber escutar 

e  ponderar o que está sendo dito, medo de abalar suas certezas. 

 

Eu mesma não tenho uma atitude unânime com todas as pessoas, ajo diferente com cada um, a depender do nível de intimidade, das circunstâncias, de com quem estou interagindo.  

A comunicação é algo complexo que inclui equívocos, o que se ouve nem sempre é o que se fala, o ouvinte modela sua própria história distinta daquela que está sendo narrada. Cada um tem seu repertório de experiências que compõe 

a sua visão de mundo. 

 

Cada pessoa é formada por uma diversidade de aspectos 

e características. Em mim há vários outros com suas peculiaridades, e nem sempre chegam a um acordo. 

 

Em mim vive a criança, a adolescente e o adulto, aquele que interage com 

o mundo e a consciência moral que dita regras e proibições. À medida que fui amadurecendo, surgiu a figura do mediador que acolhe a todos, ainda 

que não haja consenso, mesmo que tenha que decidir pela maioria 

e desagradar alguns. 

 

A unanimidade tem a ver com seguir 

um padrão, pensar diferente importa 

em remover o véu da ilusão, em ter 

uma reta compreensão, ainda que eu

não saiba tudo.

 

Concordar requer relevar os erros 

alheios, e seguir buscando 

 

 

a verdade dentro de mim. É possível conviver em harmonia preservando 

minha individualidade e acolhendo 

a singularidade do outro. 

 

Quando estou confusa, minha alma viaja em busca de clareza, se recolhe onde há comunhão entre os vários pontos de vista, um lugar que só o coração sabe onde é. 

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