Crise
Entre os vícios humanos básicos,
o voluntarismo é o que mais me prejudica. Ele não me deixa viver o presente, que para mim nunca está bom o bastante,
cria expectativas irreais e me exacerba
o egocentrismo. O voluntarismo é a birra
da consciência que não cresceu e que precisa de regulação. É como se ela pensasse: “se não for do meu jeito, não quero.”
Quando algo muito desejado não
se realiza, ou acontece, mas não
é do meu jeito e no tempo que eu quero, entro em crise. Se o desejo for muito forte, vem a descrença de tudo,
o ressentimento por Deus que não atendeu minha vontade. Chega desesperança, que me leva à faltade sentido na vida. Fico em estado de alerta de que o pior aconteça, já que
a vontade não me foi satisfeita. Chego até a duvidar das crenças que me estruturam a espiritualidade, até mesmo de que tenha vida após a morte. Cheguei
a pensar que o meu pior medo era esse, depois descobri que meu pior medo era de viver uma vida sem contentamento.
O desejo é faca de dois gumes, tanto
é a mola propulsora que me faz seguir
em busca de sua realização, quanto pode me paralisar se não for atendido.
O desejo se acaba quando é satisfeito, me mobiliza a ir em busca de um novo,
ou seja, nunca estou satisfeita com o que a vida me oferece.
Só agora entendi que a felicidade
é um estado de espírito que exige autossatisfação, aceitar e ser grata pelo que tenho a meu dispor.
Não vou desistir do sonho, não vou renunciar ao desejo, mas não vou mais fazer do sonho e do desejo uma fonte de sofrimento. Darei os passos que favorecem sua realização e os entregarei ao universo, que se move de acordo com a Vontade de Deus.
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