Medo de amar
Acreditando que para ter o mínimo de sanidade mental preciso me proteger dos sentimentos, eu constrói defesas. Sentir me deixa vulnerável, e a sensação que tenho quando estou vulnerável é de que serei aniquilada.
As defesas são úteis e necessárias quando aplicadas com parcimônia e critério, em situações de grande impacto emocional. Quando usadas de forma indiscriminada, me afastam de mim mesma e me isolam dos outros.
O paradoxo está em constatar que as defesas não me protegem de ser afetada pelas coisas do mundo, dos acontecimentos, das decepções, dos dissabores. Elas apenas criam uma couraça que bloqueia minha sensibilidade e me impede de ser feliz.
Uma vez superada a situação que ativou as defesas, elas precisam ser desativada. Mas o que costuma acontecer é que jogo no inconsciente o episódio traumático, e assim impeço que ele seja curado.
O medo de amar tem a ver com defesas. Por já ter me sentido magoada e traída, toda vez que o amor se avizinha, me acende um sinal de alerta e aí todas as defesas são ativadas.
Dar e receber amor exige entrega, e a entrega requer romper com as defesas. Para quem viveu a vida toda em estado de defesa, quando ela é baixada o que estava retido desagua de forma descontrolada e por isso temo o desconhecido. É difícil sustentar esse lugar até que ele possa ser ultrapassado. A vontade que tenho é de fugir.
O amor me deixa vulnerável, e para me expor ao outro é preciso que haja confiança mútua. O primeiro passo a ser dado é falar para o outro de meu medo de baixar a guarda, de me entregar, de amar. Provavelmente ele também está sentindo a mesma coisa, e o laço de confiança pode se estabelecer.
Para vencer o medo de amar preciso aceitar que o outro pode causar mágoa, pode errar, assim como eu também estou sujeita a isso. Por isso, amor sem perdão está fadado ao fracasso.
O importante é ter curiosidade em conhecê-lo, evitar projeções que criam expectativas irreais e me conectar com o que ele tem de melhor, dando um passo de cada vez.
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