Sobre mim

  

Quando estou sem inspiração, tenho 

o hábito de vagar pelas mídias sociais, 

à procura de uma fala que me toque fundo o coração. Quando a encontro, costumo desenvolver a ideia a meu modo, tem vezes a contradigo, mas tem pensamentos tão exatos que as incorporo como meus e as reproduzo. 

 

Uma dessas falas, inseridas num seriado, 

é a que segue: o custo da oportunidade está em escolher fazer o que mais desejo ou evitar o que mais temo. Se escolho uma coisa, tenho de abrir mão de outra, então devo desistir de um ou de outro. 

 

É verdade que quando se faz 

uma escolha está se renunciando 

às demais opções, mas nem sempre se resume entre o que mais desejo e o que mais temo.

 

E se o que desejo for exatamente o que mais temo? A escolha então envolve realizar o desejo, ou desistir dele por 

medo. No meu caso não é desistir, 

mas adiar enquanto não supero o medo.

 

O que mais desejo é tocar o coração 

das pessoas, mas como temo 

a proximidade, me escondo por trás 

das palavras, é uma forma segura 

de demonstrar o meu lado terno. 

 

Quero converter as marcas de amargura em traços do tempo, estar completamente envolvida no que estou fazendo, entender que a mente mente quando o coração falseia e que não preciso alcançar 

mais nada além de mim. 

 

Quero lembrar como foi difícil me sentir sobrecarregada, desanimada, desesperançada, querer desistir, percorrer esse trajeto que só pode ser feito só. 

 

Como é difícil me sentir invisível, não ter respostas, não saber o que fazer, 

mas como isso é significativo e como sou grata por continuar, porque tudo passa. 

O sentido da vida se resume em estar vivo, e para estar vivo é preciso viver.

 

Quero me libertar da crença 

de que só sou feliz se estiver acompanhada, tal crença me levou 

a estar em relacionamentos abusivos, 

por achar que meu melhor talento era ser esposa, e ser esposa importava em ficar com o outro até o fim. Não há nada pior do que se sentir só estando com alguém.

 

Tenho medo de tudo que não controlo, mas preciso entender que é inevitável 

o desconforto que o outro trará por ele não ser eu.  

 

Quero me libertar do peso do passado, 

da dor de me sentir ficando para trás mesmo seguindo em frente. Quero poder dizer que o passado está pago, varrido, esquecido, e que nada mais lamento, que agradeço a experiência que me moldou. 

 

Não quero me encaixar num padrão que remove minha singularidade, sabendo que não vou obter unanimidade sobre mim. Não quero ser a cópia de alguém, 

o espelho d’água a refletir tantos outros, embora saiba que muitos estão em mim. 

 

Não quero ficar presa no passado, 

nem na poeira da estrada, preciso aceitar que as coisas podem durar a vida toda, 

ou acabar numa triste despedida. Tenho 

o consolo de saber que todo fim 

é um novo início.

 

Entender que tudo que preciso fazer é suportar a mim mesma, e não ficar 

rondando fora de mim, como uma vespa atraída pela luz. 

 

Muitas coisas que me são próprias são difíceis de levar, mas não quero ficar apenas observando como quem não quer assumir, por achar que não consigo colocar para fora. 

 

Descobri que meu medo não é do nada, 

mas de existir. Preciso me perguntar 

no que me transformo quando ouço alguém dizer o que não quero ouvir. 

 

Não quero viver presa na armadura emocional. Quero agir como se eu fosse 

a atriz querendo entrar na personagem, sem impor a ela o ego da atriz, só assim serei autêntica.  

 

Quando não tenho palavras, um olhar terno, um sorriso, um choro, um abraço 

e até o silêncio falam por mim.

 

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