Presença

 

“Você vai passar a vida despercebida”. Ouvi muito isso de uma pessoa 

de meu convívio. Grande parte 

do tempo passei ausente mesmo estando próxima fisicamente. Ausente de mim, ausente dos outros, do meu entorno. 

Para onde eu ia não sei. Minha mente se deslocava, meus sentidos adormeciam. Até mesmo em momentos felizes não estava inteira em mim, 

e quando alguém falava deles, 

não conseguia me lembrar.

 

Dizem que a falta de presença é um mecanismo de defesa, a pessoa retira-se emocionalmente para não sofrer. Pode ser, mas isso afasta a experiência gratificante. 

 

Demorei a sair desse lugar e quando fiz o caminho de volta transbordei 

de emoções confusas e perturbadoras. Lembranças chegavam de borbotões, misturavam-se entre si, algumas eram reais, outras eram interpretações que fazia para suportar o contato com algo que foi doloroso. Era como se estivesse vivendo anos de vida em instantes vertiginosos. 

 

Ainda é difícil estar presente, mas quando consigo não sinto cansaço porque não há esforço em me isolar. Estar próxima de alguém não precisa ser fisicamente, 

é a certeza de que, mesmo longe, 

a conexão de coração se mantém. Quero oferecer tempo de qualidade às pessoas que amo. Para isso, já consigo estar presente em mim mesma.             

 

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