Apego


 Achava que não era apegada porque não sentia falta do que não tinha mais. Entretanto, descobri que eu ativava um mecanismo de defesa que apagava de minha mente a perda. Coisas, objetos, lugares, pensava que soltava fácil. Até que precisei vender uma casa que tinha muitas lembranças felizes. Passou mais de um ano sem aparecer um único interessado. Foi preciso eu me mudar e me adaptar em outro imóvel para me desapegar dela.

De todos, o apego afetivo é o mais difícil de me livrar. Entendo por que tem mulheres que precisam odiar o marido para se separar dele. O ódio encobre a tristeza, a saudade e dá energia a quem quer tomar a iniciativa.
Para mim, o apego está relacionado à expectativa que crio, apego a uma ideia do que seria uma relação feliz. Como ninguém é igual a ninguém, diferenças sempre haverá, mas quando se trata de divergências em questões que são fundamentais para cada um, fica mais difícil conciliar.
O apego também se conecta com a baixa autoestima e com a dependência afetiva. Sofre menos quem gosta da própria companhia.
O certo é que ninguém é de ninguém, e que sempre há o risco de não dar certo, o risco da separação, ainda que seja pela morte.
O apego é fonte de sofrimento, de angústia e ansiedade, pelo medo de perder o objeto da avareza afetiva. Quanto mais desapegada, mais fácil de lidar com a perda.

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