Mágoa

 

Pessoas, fatos e até ficção
me impressionam, deixam marcas gravadas em mim. Levava tudo
para o lado pessoal, como se tudo
que o outro fazia era sobre mim
e não sobre ele, como se me dissesse respeito, como se o mundo girasse a meu redor. Era suscetível
a qualquer coisa que me causasse desconforto e quase tudo me constrangia.

A mágoa é o veneno que a gente toma esperando que o outro morra, assim dizia Shakespeare. É a ferida que nunca sara porque se arranca a casca quando ela começa a se formar. É a tristeza retida de forma voluntária, evitável e desnecessária. É ácida e corrói a alegria e o prazer de viver.

A mágoa é o equívoco de quem não busca a causa, de quem não se interessa em entender as circunstâncias. É o juiz implacável que não avalia os atenuantes, que não põe na balança o tanto que o outro já fez por ele.

A última coisa que o magoado leva
em conta é o perdão. Com o amadurecimento, entendi que
a mágoa não é real, ela é do julgamento que se faz da atitude do outro. A maioria das vezes é porque se projeta expectativa de perfeição. A vida pode até me afetar, me causar impacto, mas o que eu faço com o que sinto é escolha minha.

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