Caráter insaciável do desejo

 

 

“A vida é um pêndulo que se move entre a ânsia de ter e o tédio de possuir.” Faz sentido. Sofremos porque não temos e quando temos sofremos com o tédio 

de ter. Eu acrescento que  também sofremos quando perdemos o que tínhamos, ou seja, só damos valor a algo que temos quando deixamos de possui-lo. Ao perdê-lo, ele passa a ser novamente objeto de desejo.

 

O desejo é insaciável, e se desloca de objeto à medida em que o realizamos. 

É o que nos mobiliza conquanto também é causa de infelicidade. 

 

A pulsão do desejo impulsiona a paixão, por isso a paixão não tem perenidade. 

O desejo tem sintomas parecidos com a ansiedade, sofre com a expectativa 

de obter o que se quer. 

 

O desejo é cego, não tem discernimento para avaliar o quanto de bem ou de mal sua concretização pode trazer. Daí o ditado que diz “cuidado com o que desejas porque podes conseguir.”

 

O desejo é instintivo enquanto a ânsia é da alma. A ânsia nos incentiva 

a seguir objetivos e propósitos. A vontade a serviço do desejo é obstinada 

e inconsequente. 

 

O desejo é uma ferramenta útil de realização,  desde que não 

haja identificação com ele. Não quero com isso dizer que a ambição é mal que deve ser evitado, desde que não nos tire o prazer do que já temos. 

 

Quero crer que precisamos aprender a lidar com o vazio da falta para não sermos escravos do desejo. Agindo assim, é mais fácil ouvirmos os anseios da alma. 

 

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