O ruído do mundo
Morei num apartamento próximo a um bar com música ao vivo,
não fosse o ruído do ar-condicionado não poderia dormir. Depois me mudei para um apartamento na avenida e me acostumei com o barulho de carro passando. Agora moro num apartamento que para ouvir algum som preciso prestar atenção, à exceção do vento
que uiva.
Ouvi alguém dizer que o ruído do mundo distrai do vazio interno e que para entrar em contato com o silêncio é preciso ter alguma vida interior. Eu acrescento dizendo que o ruído do mundo evita que eu ouça o barulho de meus pensamentos repetitivos, sobrepostos e angustiantes.
Sei que não é o ideal, mas eu durmo com a televisão ligada, escuto músicas logo que acordo, enquanto cumpro minhas tarefas domésticas, e quando tenho tempo livre assisto televisão. Tais estímulos me aliviam as preocupações
e medos.
O ruído do mundo me desconecta de mim, de sensações, sentimentos e pensamentos desagradáveis. É um alívio temporário, porque a repressão faz pressão e uma hora eles se apresentam com mais força do que teriam se eu desse atenção a eles.
A paz não se conquista fugindo do que precisa ser visto e curado. Os monges antigos diziam que o silêncio permite que se trave um diálogo com os demônios que existem em cada um, ajuda a se conhecer melhor.
O ouvido é seletivo, cabe a cada um escutar o que importa para o verdadeiro bem-estar.
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