Normalidade
Houve um tempo em que eu tinha medo de ficar louca, por conta de meus devaneios. Não conseguia me concentrar no que estava sendo dito, porque algo que ouvia era gatilho que levava minha mente a vagar, ora pelo imaginário, ora fazendo conexões com situações passadas, ora fazendo questionamentos e suposições, ora avançando
no pensamento que estava sendo exposto. Assim, com frequência perdia
o fio da meada. Também tinha o hábito
de sonhar acordada, imaginando situações que desejava que acontecesse. Descobri que essa tendência é característica de quem tem TDAH,
que é uma forma diferente e não patológica da mente funcionar.
No passado, o devaneio era considerado uma falha de disciplina mental, rotulado como como algo infantil e neurótico e que poderia avançar para o patológico.
Hoje, o devaneio é considerado uma fonte de criatividade e que ajuda a solucionar problemas.
A verdade é que a cultura cria um padrão de normalidade e tem a tendência
de excluir quem foge ou é diferente
do padrão. A normalidade não pode se basear em comportamento, porque pode haver repressão de impulsos ou ocultação de inclinações e ninguém conhece
o universo psíquico de ninguém.
O excesso de enquadramento às regras de conduta leva à angústia,
podendo chegar ao que se convencionou como normose. Normose é a tendência patológica para moldar o próprio comportamento às regras de conduta socialmente aceitas, em prejuízo
da expressão da própria individualidade
e criatividade, sobrevalorizando a opinião dos outros e a aceitação social.
Não existe uma linha divisória entre
o normal e o patológico, e um desvio
de conduta não pode ser avaliado como anormal, considerando critérios
e parâmetros culturais, pois essa mesma conduta pode ser aceita em outra cultura.
O que vale é me aceitar como sou e agir de acordo com meus critérios
de bem-estar e felicidade.
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