Impermanência
“Aceitação é uma atitude proativa, não é esse aceitar passivo... Talvez a gente foi criado com
o papo: “vai no garantido... como se houvesse
um caminho da estabilidade.” Murilo Gun
Essa citação me faz lembrar a forma como fui criada, minha mãe dizia para
a gente fazer concurso público, porque dava segurança e estabilidade, e assim eu fiz.
Levei muita rebordosa da vida porque não entendia seu movimento impermanente. Despendi muito esforço inútil para tentar ficar no já estabelecido, naquilo que conquistei.
A cada mudança forçada no trabalho
eu esperneava até me conformar,
que é diferente de aceitar.
Não há um caminho que leve
à estabilidade, não há segurança
de que as coisas não vão mudar,
a vida não é previsível.
Por outro lado, cada vez que
meu fazer se tornava monótono, desinteressante, sem estímulo,
eu buscava novo desafio, outro patamar, porque sentia que aquele lugar não mais me cabia. Eu resistia à mudança imposta, mas voluntariamente eu a buscava, porque minha própria natureza precisava expandir. Quando eu resistia entrava em crise, me sentia perdida, desorientada, sem norte, andando em círculo, até aceitar que onde eu estava não era mais para mim, ficou pequeno, saturado, esgotado.
Já em minha vida pessoal e afetiva
minha tendência era de permanecer
na zona de conforto, ainda que nela não existisse conforto algum. Só tomava atitude de sair do lugar quando se tornava insuportável estar nele. A forma em que fui criada impedia sequer de pensar em me aventurar.
Com a maturidade fui aceitando
a alternância entre permanecer no lugar
e sair dele com mais facilidade, comecei
a entender quando precisava expandir e quando ainda havia o que aprender ali. Foi a forma de me manter apaziguada com a vida.
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