Entre a atividade e o ócio
Sempre fui uma pessoa hiperativa,
me mantinha ocupada com os afazeres do cotidiano, dos habituais ao trabalho profissional, o cuidado com os filhos, da casa, da estética, e quando chegava o fim de semana não sabia o que fazer com o tempo disponível.Olhando para trás percebo que
essa aceleração constante tinha a função me distanciar da insatisfação com a vida, com a falta de sentido dela, comigo mesma, não entrar em contato com
a angústia existencial e com as emoções que me agitavam internamente.
A vida é movimento, além da ação externa, atividade mental e emocional.
O movimento nos mantém conectados com ela, com as pessoas, com o todo.
A vida criativa exige que se dê tempo
e espaço para a pausa das atividades que demandam esforço físico e mental, para entrar em contato com o vazio criativo. Nele mora a intuição, as ideias, a reflexão, o confronto comigo mesmo,
a autorrevelação.
Foi preciso muito tempo, dedicação
e empenho para desativar o mecanismo de defesa por trás da atividade extrema.
Quando deflagrei o fazer criativo, desempenhar meu ofício não era obstáculo, cheguei a produzir mais
de um livro entre uma pausa e outra do trabalho.
Para mim, o segredo de uma vida produtiva em todos os sentidos está em conciliar todas as atividades, até porque o ócio criativo também é movimento.
Só assim consegui dar sentido à minha vida.
Comentários
Postar um comentário