Controle emocional

 “A explosão masculina sempre existiu, mas a feminina era entendida como patologia e não um sinal de virilidade. No homem era personalidade firme, na mulher, descontrole emocional.” Cortella


Tive um parceiro que sabia exatamente como me desestabilizar: me provocava amiúde, de sorte que eu me exacerbava com frequência. E ainda usava de ironia ao dizer que “quem perde a calma, perde a razão.”

As consequências do abuso psicológico foram perda de autoestima e depressão, devido à atitude reativa que passei a ter com qualquer coisa. O tempo para mim se arrastava e só confirmava minha menos valia. A imagem pública que criei foi a de uma pessoa agressiva e desequilibrada, ao passo que o parceiro era tratado como vítima.

Por outro lado, a atitude dele me confundia. Era admirado até por minha família como aquele sempre disponível a ajudar, e cuidava dos filhos melhor do que eu. Agia assim para esconder e ser tolerado em suas ações tóxicas.

Para não me sentir a pior das criaturas e por internalizar a peja em mim lançada de histérica, acabei por normalizar os maus tratos. Foi o tempo em que me alienei de mim mesma e do meu entorno, perdi meu senso crítico.

Por muito tempo tive atitude defensiva diante da vida, para esconder a culpa de ter sido cúmplice da degradação moral, ainda que de forma inconsciente.

Com o tempo, aprendi a me conter diante da provocação, mas ruminava internamente o que deveria ter dito ou feito. Foi preciso ficar muito mal e muita terapia para conseguir reagir à violência psicológica. Me perdoar foi difícil, diante da vergonha e remorso, mas foi libertador.

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