A viagem
Desenho a realidade com o lápis
do imaginário, enquanto pinto o presente com as cores do futuro. Transito
no tempo com os pés no chão e a cabeça nas nuvens.
Cada palavra derramada esvazia imagens do que fui um dia. Um suspiro de alívio, outro de lamento, o corpo se recompõe.
Desfio o manto de ilusões que um dia
me aqueceu e um sopro gélido
me desperta para o sonho. Todas
as linhas traçadas se embaraçam com
o vento da mudança que tudo revolve. Não há lança nem arco, me falta pulso. Piso com leveza, na esperança do vácuo me engolir.
Enquanto desliso sobre o rio da vida, colho flores e espinhos. Em cada porto deixo bagagens que me pesam e embarco em meu interior de mãos vazias.
Não temo a tempestade porque sou feita dela, nada em mim é manso.
Cada pessoa que encontro na viagem é uma pista de quem sou, e quando aporto memorizo o percurso que fiz para me situar onde estou.
Quanto mais apalpo o real em mim, mais apuro a acuidade de mim e do meu entorno. O que não vejo, imagino. Entre sonho e constatação vou seguindo, até desembarcar em outra realidade mais real e definitiva.
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