Indeterminação

 A gente planeja a vida de modo a nos sentirmos seguros, ao afastar qualquer tipo de indeterminação, de incerteza. Tudo tem que estar no seu lugar, a tempo e a hora. Se algo foge ao pré-estabelecido, muitas vezes nos surpreendemos, não sabemos lidar com a contingência.

Queremos saber quando alguém vai chegar, poder estimar o tempo que levará para fazer algo, a solução de uma questão, prever todas as hipóteses, afastar qualquer tipo
de indeterminação.

Precisamos de experiências produtivas, como sentir o desconforto da ignorância, da angústia da indefinição. É seguro ficar em casa, portas trancadas, grades
nas janelas, mas perdemos a oportunidade de sair, se divertir, encontrar pessoas. Ter um emprego estável nos tranquiliza, mas nos impede de nos aventurar em novos desafios.

Se tudo estiver a contento, se foram supridas todas as faltas, realizados todos os desejos, viveríamos em tédio e nos tornaríamos apáticos.

A angústia da falta e a pulsão do desejo é o que nos move. O desejo é impreenchível de forma definitiva porque ele se desloca para outro objeto à medida que se realiza. Não ter certezas, não saber o quê, como e onde é a mola propulsora do mundo.


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