Sem juízo, sem equilíbrio
Eu era vista como a doidinha da família. Meus irmãos zombavam de mim porque eu mimetizava a expressão facial
de raiva, tristeza ou alegria do protagonista, ao assistir a novela.
Quando estava no pico da euforia iniciava múltiplas tarefas, para desistir pouco tempo depois, quando o humor declinava.
Quando algo me interessava ou algum pensamento ou filosofia fazia sentido para mim, queria logo colocar em prática
e fazia proselitismo para todos ao redor.
Agia por impulso, era compulsiva, tinha manias, e ainda tenho.
Atribuo essa atitude ao TDAH, mas nem tudo. A minha natureza é inquieta, curiosa, inconstante, oscilo ao sabor dos ventos, sou levada por múltiplos interesses e não me firmo em nenhum.
Meu comando interno é impermanente, assim como a vida. Talvez por isso eu crio rotinas, hábitos e métodos na ilusão de obter estabilidade. Mas meu equilíbrio
é o de uma gangorra que só estaciona entre a subida e o declínio. Com a maturidade, fui aprendendo governar
o impulso, reprogramar crenças, reeducar a mente. Mas minha conduta nem
se aproxima ao que se costuma entender por normal nem equilibrada. Afinal, quem não tem juízo não pode ter equilíbrio.
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