Projeção


Há um adágio que sugere ao indivíduo voltar para si o dedo que ele está apontando para o outro.  O julgamento é uma confissão do que está inconsciente, disfarçada de acusação. Faz sentido, só consigo ver em alguém aquilo que também tenho, mas quero manter oculto.  
 
Ao ler para minha terapeuta uma carta que escrevi, onde fazia severas críticas a uma pessoa, ela me sugeriu que eu mudasse o pronome você pelo eu, descobri muito a meu respeito com esse exercício. Entendi que projetava nela aquilo que não aceitava em mim, sem perceber que agindo assim estava rejeitando a mim própria.
 
Os relacionamentos afetivos que tive foram uma ferramenta importante de autoconhecimento, depois que descobri que o companheiro refletia características minhas. Mas para tirar proveito desse recurso precisei tomar consciência de como interagia com ele, acusando, reclamando, atribuindo a ele minha infelicidade. Passei muitas seções de terapia em que o tema era a forma como ele supostamente me vitimava. Há um ditado jocoso que diz: “bateu, doeu, leva que é teu.” Independente de haver fundo de verdade nas queixas, percebi que minha intolerância às atitudes dele vinha da recusa em aceitar a imperfeição que havia em mim. 
 
Sou muito grata a todos com quem convivi porque graças a eles consegui me revelar, me confrontar e me conhecer. Eles foram meus mestres tanto nas atitudes que eu precisava mudar, quanto me inspiraram a despertar e desenvolver as aptidões e virtudes que tínhamos em comum. Hoje, quando lembro de como agia, dou boas risadas de meus equívocos. 

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