Escuta


 

Uns dos efeitos do TDAH é impaciência 

e inquietação, vindas da ansiedade. Mesmo quando estou assistindo algo interessante, e até mesmo porque me causou comoção, ou qualquer outra forma de reação, eu não sustento o que estou sentindo, dou uma pausa, faço outra coisa para dissipar o que me mobilizou, 

e só então retomo o que estava vendo. 

 

Acontece algo semelhante quando estou na escuta. Entro em empatia 

e as sensações desencadeadas muitas vezes são tão fortes que preciso 

me ausentar emocionalmente. Mesmo sem querer, minha mente divaga, 

vai a momentos e lugares cuja memória lincou com a escuta. 

 

Já houve um tempo em que me defendia dessas reações tentando racionalizar 

o que ouvia, procurando a palavra certa que supostamente iria ajudar o outro. 

Hoje já consigo digerir o desconforto 

e voltar à escuta. 

 

A escuta sincera é aquela que acontece com os ouvidos, com os olhos, 

quando me sintonizo com o outro. 

É aquela em que a fala dele chega até à mente e me conecta com o coração. 

O que escuto é processado em meu circuito vital, qual seja a mente, 

o sensorial, o afetivo e o energético. Minha escuta não é isenta, envolve 

meus conteúdos, decodifica a fala 

a partir deles.

 

Quando consigo sustentar em silêncio esse lugar incômodo da escuta, mantenho o vínculo com o narrador, sinto que estou sendo receptiva e imagino que ele está se sentindo acolhido. É quando me acho uma boa ouvinte.

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