O Eu Divino - Virgínia Leal

 



            Todos nós já experimentamos uma súbita onda de bem-estar e alegria, uma sensação que brota amena e que amplia a percepção da vida e de nós mesmos. Em uma fração de segundos, tudo passa a fazer sentido. Uma compreensão além da mente racional, que não se pode traduzir em palavras, porque ela vem da inteligência imagética do amor. É uma fagulha que ilumina o caminho e nos afasta a dúvida, porque simplesmente sabemos. Esse saber é simples, suave, delicado e vibra todas as fibras do ser. Ele lembra quem somos e nos encoraja à entrega, a seguir confiante com a corrente do mar da vida.

 

            Essa maravilhosa experiência se apresenta quando estamos relaxados e descontraídos, sem expectativas, quando estamos inteiros no presente. Chega em forma de inspiração, intuição, enlevo, estado alterado de consciência. Acontece quando permitimos que o nosso eu divino venha à consciência. Para isso, precisamos dar contenção ao ego, que acha que sabe tudo, que acredita que a mente menor pode trazer todas as respostas.

 

O eu superior é o amor em sua potência máxima, uma força poderosa de alta vibração energética e por isso ainda não conseguimos sustentá-la por muito tempo. A centelha divina que nos habita é conselheiro, professor e remédio para nossas almas. Quando nos conectamos com ele, o julgo é leve, porque lembramos que o eu inferior é temporário, é luz condensada que precisa voltar a ser rarefeita para retornar à origem.

 

Nós o encobrimos com camadas de matéria densa em forma de defesas, crenças, negatividades e ignorância. À medida que nos conhecemos e aceitamos a  imperfeição, abrimos uma fresta na sombra por onde a luz penetra e traz clareza para a vida. Então descobriremos que estamos todos ligados por uma teia invisível feita da mais pura luz. Essa rede conecta e dá sentido a todas as experiências vividas.

 

Quando acessamos o Eu superior ficamos bem-humorados, as vozes desconexas da mente se calam, o ritmo do tempo muda. Percebemos os “recados” vindos da fala de um estranho ou de um poema, do riso de uma criança, de um olhar amoroso, da brisa que passa, da chama que arde, do fluxo e refluxo das ondas, do dia de surge ou que se põe. Tornamo-nos conscientes dos eventos sincrônicos que apontam o caminho, tornando suave a trajetória. Os contornos que nos limitam se abrandam, facilitando a expansão de nosso ser.

 

A dimensão divina é feita de criatividade e imaginação, um lugar de formas, cores e sensações. É através delas que podemos modelar de forma saudável e prazerosa nossa vida. O Eu Superior usa a intuição e a inspiração para nos ajudar a encontrar o caminho de volta à morada sagrada que abandonamos e de onde nos perdemos ao nos afastar do caminho de luz. Para isso, é preciso aprender a confiar e nos entregar ao Eu Superior, que é o destino final triunfante e glorioso que pacientemente nos aguarda.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Amante imaginário

Falando de amor