As Faces de Deus
Desde que o mundo é mundo que os povos dotados do mínimo de raciocínio sentem-se impotentes diante das forças da natureza, que até hoje nem mesmo a ciência tem domínio completo sobre elas. Aplacar ou abrandar a fúria destrutiva dos eventos naturais foi o primeiro motivo que inspirou a ideia de Deus. Para isso, rituais e sacrifícios eram feitos em devoção e reverência. Deus surgiu do temor e da submissão do ser humano a algo maior que ele.
À medida que a humanidade evoluiu intelectualmente, desenvolveu-se também o conceito de Deus e sua representação. Na tentativa de encontrar respostas para questões existenciais e explicações para a criação do mundo, surgiram os primeiros contornos do conceito de Deus. Esse conceito se pluralizou entre os povos, formando assim a diversidade de religiões existentes. Na maioria delas, Deus é um ser ou seres sobrenaturais, dotados de poderes supra-humanos.
Ao criar explicações para o surgimento do universo, a mitologia precisou responder quem o criou. Cada ser divino foi dotado de atributos específicos para criação, manutenção e controle da ordem universal. Concebeu-se então o Deus do céu, da terra, dos mares, do subsolo, etc. Na mitologia, os deuses têm características que se assemelham as dos humanos.
Nos povos ocidentais, onde predomina o cristianismo, abstraindo o exame da complexidade da trindade, Deus é simbolizado pela figura paterna, tendo uma imagem humana semelhante a um profeta dos tempos antigos. Deus foi criado à imagem e semelhança do homem.
Se de um lado, o Deus cristão possui poderes extraordinários, como onisciência, onipotência e onipresença, também tem virtudes humanas como amor, misericórdia, sabedoria, justiça e paz. A forma que o homem encontrou para aproximar-se de Deus sem teme-lo foi identificando-se com Ele, dando-Lhe faces humanas.
Com o suposto domínio da natureza pelo conhecimento científico, o temor a Deus foi abrandado e o homem tentou substitui-lo pela ciência. O homem passou a ser o centro do universo. Não tardou para ele perceber que a ciência não tem todas as respostas e a ânsia de Deus voltou aos corações.
Deus é inconcebível, não se explica ou se define, Ele vai além da compreensão. Deus não pode ser representado nem confundido com características humanas. Deus não é conceito, é experiência. Ele é sentido, percebido, vivenciado. Quem já sentiu a presença divina não precisa crer porque sabe. O homem vive Deus enquanto pratica os valores e as virtudes universais e culturais que assimila. Deus habita o homem. Amar é a vivência mais próxima da de Deus. Quem ama não O teme. Deus é.
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