O Direito de Ser Diferente - Virgínia Leal
Eu outros textos, trouxe à reflexão o sofrimento psíquico do adestramento social imposto pelas convenções e códigos de ética, tendo por consequência distúrbios mentais de toda ordem e sintomas, os mais diversos, alguns rotulados de patologia psíquica.
Foquei na estrutura do indivíduo, composto por instintos e pulsões de desejo, e o sofrimento decorrente do refreamento deles em prol da harmonia e paz social e em respeito ao direito dos outros. Alertei sobre o dano psicológico provocado pelo amortecimento dos sentimentos, que fazem pressão na psique em busca de expressão.
Destaquei como a incapacidade de resistir ao sofrimento enfraquece a potência em lidar com a frustração e com os acontecimentos desafiadores e adversos decorrentes da impermanência da vida. Outra causa de sofrimento é o individualismo, por isolar a pessoa dos demais e de si próprio. Apontei como extremamente doentia a adaptação do indivíduo aos padrões impostos, relegando a singularidade que lhe é inerente.
Demonstrei as incoerências e contradições dos modelos idealizados e impostos em relação à realidade social e de cada um. Chamei a atenção de como ignoramos as crenças e atitudes que temos e que agem contra nossos próprios interesses e direitos.
Nesse contexto, cada um reage à sua maneira, busca meios de sobrevivência, de manter-se saudável, de manter uma boa convivência e de estar no mundo, visando a felicidade.
É individual o modo de ver o mundo e de afetar e ser afetado nos diversos níveis e tipos de interação. É preciso aprender a respeitar a forma de ser de cada personalidade, renunciando à exigência de homogeneidade. Há que evitar ver a genuinidade como um tipo de ameaça à seu próprio jeito de ser. Convém não rotular o diferente como “anormal”, ou alguém que precisa ser alijado do convívio social.
A singularidade é o que difere um indivíduo de outro. É a maior contribuição, na troca entre pessoas, para o enriquecimento do universo de conhecimento e da percepção da realidade sobre novos enfoques. Quando todos passarem a lançar esse olhar para o diferente, a humanidade estará curada da discriminação e do preconceito. E será possível uma coexistência espontânea, autêntica e engrandecedora para o crescimento pessoal e coletivo. E a felicidade será uma possibilidade real.
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