Perdoar para Ser Feliz - Virgínia Leal
Perdoar para Ser Feliz
Virgínia Leal
Você já pensou que o perdão é sobre você e não sobre o outro?
Um dos maiores desafios ao ser humano é exercitar o perdão. Quando o coração é ferido, outras emoções são atraídas pela mágoa e ressentimento, quase que blindando o acesso à cura. Há, ainda, a crença, alimentada pelo orgulho, de que perdoar é sinal de fraqueza e o receio de que o outro volte a nos ferir.
As afirmações a seguir ajudam a mente a se abrir para o perdão. A primeira delas é a de que Deus não perdoa, porque Deus não se ofende. Deus conhece cada de seus filhos e o sonda a toda hora, em sua caminhada para a evolução; sabe que o destino humano é voltar para Ele. Sabe que a essência do indivíduo o convoca a sair do erro, mesmo que ainda não se ouça. Sabe ainda que quanto mais se distancia Dele, mais torna-se insuportável sua ausência e mas perto se está do retorno.
Para perdoar não preciso o arrependimento do ofensor, assim como libertar-se do erro não depende do perdão da vítima. Não perdoar importa em manter-se atrelado negativamente ao infrator, perpetuando o sofrimento. A maior vítima do ressentimento é aquele que a alimenta. O julgamento do ofendido está comprometido pela mágoa, por essa razão não considera se o ato nocivo foi intencional e consciente; também não avalia a contribuição da vítima para o resultado prejudicial. O perdão diz respeito a quem perdoa e não ao perdoado. Perdoar é um ato de libertação. Admitir e arrepender-se do erro, também.
Por que é preciso perdoar para ser perdoado? Porque qualquer um passível de erro e muitas vezes a vítima já praticou o ato que condena. Perdoar é o reconhecimento de que se é igual no erro. Por outro lado, pedir perdão é um exercício de humildade e de autorresponsabilidade.
O erro é uma violação às leis universais divinas, alimentar a mágoa e ressentimento, também. Errar é uma condição inetável do aprendizado. Para o retorno à ordem divina é preciso o reconhecimento do erro e o arrependimento sincero. Vai mais além, é preciso se mobilizar em direção à reparação, que pode ser feita junto à vítima, se ela o permitir, ou praticando boas ações. O verdadeiro arrependimento é aquele em que se toma a decisão em mudar de atitude e agir nessa direção. Reconhecer o erro não acarreta mudança imediata. A mudança é um processo de renovação de pensamentos e crenças e de rever hábitos e condicionamentos que requer tempo.
O perdão não resulta em esquecimento, porque não se pode apagar da memória eventos afetivos significativos. Não é reconciliação, que importa em restabelecimento do convívio. Não é dar nova chance. É apenas libertar-se da mágoa e ressentimento. Para que haja a reconciliação e que seja dada uma chance para o relacionamento, é necessário que as duas partes admitam sua contribuição no erro e que se disponham a mudar de atitude. Quem perdoa pode e deve auto preservar-se daqueles que perseveram no erro.
O perdão é a condição indispensável para ser feliz, porque liberta o peso do coração. Auto perdoar-se não é o mesmo que ser indulgente com seus próprios erros. É liberar-se da culpa paralisante, aceitar a falibilidade e ativar a força para a reparação do mal e a correção da conduta. Assim como a mudança, o perdão também não é instantâneo. Ele é um processo que começa com a escolha e intenção em dissolver a mágoa e o pedido de ajuda das forças superiores para a superação das resistências auto impostas.

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