Felicidade - Sentimento ou Escolha? - Virgínia Leal

 

Felicidade – Sentimento ou Escolha?

Virgínia Leal

 

            Felicidade é a palavra da moda, a ostentação do momento. Há uma obrigatoriedade em ser feliz para ser aceito. E não é qualquer felicidade, feliz é aquele que ostenta alegria e sucesso. Felicidade é uma máscara que esconde os dissabores.

 

Nesse mundo de “vencedores”, a solidariedade resulta da indulgência, ou seja, de uma atitude de superioridade do bem-sucedido para com o fracassado. Só acontece quando o fracasso é exposto por quem o reconhece e pede ajuda.

 

            A verdadeira felicidade não é um sentimento gratuito. É a escolha de enfrentar as adversidades com a intenção de superá-las e de entender a vitória como êxito e não como sucesso sobre os demais. É viver a alegria sem euforia e a tristeza sem drama, com a consciência de que é só um momento que passa.

 

            Felicidade é um estado de ânimo, uma atitude positiva diante da vida, uma disposição baseada na aceitação de que as coisas são como são e do que se é no momento. É não se entregar ao desânimo nem se inundar de entusiasmo. É viver de acordo com a medida certa para cada um.

 

            Mas para esse empreendimento ser bem-sucedido, há outras decisões que precisam ser tomadas. A decisão de criar boas memórias e dissolver lembranças desagradáveis. De voltar ao passado apenas para buscar a verdade dos fatos, das circunstâncias e a causa do erro. De desapegar-se da mágoa e exercitar o perdão. De redirecionar atitudes, pensamentos e sentimentos equivocados. De buscar em si a qualidade que inveja. De transformar a crença na escassez na certeza da abundância. De enfrentar o medo, por saber ser capaz de sobreviver ao pior que pode acontecer. De ter fé na capacidade de reconstruir e de superar o que quer que seja. De usar agora a melhor roupa, o melhor vinho, a melhor louça porque sabe que só existe o instante. De sair da zona de conforto e descobrir novos interesses e aptidões. De abrir mão do perfeccionismo, do controle e da teimosia. De soltar a rigidez, a intransigência e as certezas. De abandonar o “e se” e vislumbrar um futuro promissor. De observar os condicionamentos nocivos e criar novos hábitos. De fazer da dificuldade desafio de aprendizado.

 

            Em resumo, para ser feliz, é preciso descobrir e trabalhar os obstáculos para sua realização. Os exemplos de decisões acima não se esgotam e cada um pode criar sua própria lista. Elas definirão a intenção e o propósito de estar no mundo e nortearão o caminho que conduzirá à felicidade. A felicidade aflora quando se tem um propósito, pois o propósito da vida é ter razão para viver. É feliz quem usa sua força e atributos para superar-se e para deixar um legado, uma marca de sua passagem no mundo.

 

 


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