Morte em vida

  

Quando eu era jovem não pensava na passagem do tempo e o que ela representa, mas, bem no íntimo, havia o medo da morte. 

 

Não percebi que passei por várias mortes em vida. Cada ciclo, cada etapa da vida que se conclui é um tipo de morte.  

 

Uma separação é uma forma de morte, assim como o fim da juventude também. Quando morre alguém que eu amo, uma parte minha morre com ele. Quem eu fui ontem já não existe mais. O passado está morto, vivo apenas na memória. Cada instante que passou, mesmo o de hoje, se perdeu na senda da não existência. 

 

Percebi que a maior parte de minha vida já foi vivida, e estou mais perto do fim. Quando penso nisso me dá angústia e arrependimento pelo tempo desperdiçado na inércia, na resistência em aceitar a realidade, na teimosia em desejar o que não é para mim, no desperdício de não aproveitar tantas coisas boas que estavam disponíveis.  

 

Meu medo não é da morte, é de não haver vida depois dela. Essa dúvida desestrutura o minha base espiritual, ainda que tenha testemunhado por várias vezes provas da vida após a morte.   

 

O que me consola é saber que tive tempo e espero ainda ter para continuar corrigindo o que está errado, aprender novas lições, aperfeiçoar quem eu sou, me perdoar. 

 

Se há morte em vida, a morte física é apenas mais uma, ainda que definitiva. Não vou passar o tempo que me resta me atormentando com essa questão, vou continuar voltada para a vida, pulsando nela, encontrando motivos para ser feliz com o que tenho, sendo o que sou agora e aproveitando melhor o tempo. 

 

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