Autoalienação
Me dei conta do quanto estou voltada para o mundo imaginário, perdida
em pensamentos, imersa nas narrativas audiovisuais. Faço isso quando
a realidade não me agrada, para me distrair da ansiedade, que é minha constante companheira. Agindo assim, me isolo de mim mesma, das pessoas
e do mundo.
Vivo um paradoxo: sinto falta de companhia, e quando estou com pessoas, não demoro a querer voltar para meu mundinho.
Houve um tempo em que achava que tinha nascido para ser esposa, por isso fiz tantas tentativas de uma vida em comum. Não percebia que grande parte do tempo estava absorta em meus dramas internos, me vitimando por não serem atendidas minhas exigências, ou mergulhando no trabalho para compensar as frustrações.
Não aprendi a conviver, de tanto tempo em que estou só, mesmo estando acompanhada.
A falta de alteridade me deixa individualista e egoísta.
A forma que encontrei para me conectar comigo mesma é escrevendo, é quando me sondo os sentimentos, as reações emocionais, os desejos, é quando eu sou eu. Exerço a alteridade quando compartilho meus textos, mas é uma via de mão única, à exceção dos poucos leitores que me dão retorno de como receberam e foram afetados pela leitura.
Preciso interagir comigo mesma, com as pessoas, com o mundo, estabelecer conexões reais, criar intimidade comigo e com outrem. Preciso me relacionar para aprender sobre mim mesma, sair de mim e me ver no outro, desejar conhecer alguém de fato. Preciso sair da autoalienação.
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