Sem utilidade
Construí minha vida tendo a utilidade como base. Achava que só seria aceita
e amada se fosse necessária. Queria
me tornar indispensável, assim não seria abandonada. Foi assim no trabalho, foi assim na família, foi assim
nos relacionamentos.
No trabalho, produzia mais do que
os outros, na família, era quem enfrentava
e solucionava problemas,
nos relacionamentos, oferecia mais
do que dava conta de dar. Com isso, não me preocupava em estabelecer
uma conexão profunda com os outros. Para manter o meu status
de credora eu dava, mas não aceitava ajuda.
Quando a máquina humana falhou, reconheci minha impotência em agradar
a todos, percebi que estar no pedestal
me mantinha distante das pessoas. Entreguei o bastão.
A sociedade criou esse padrão
de utilidade e incentiva as pessoas
a agirem assim. A verdadeira estima não deveria considerar o que o outro tem
a oferecer, mas na maioria das vezes não é assim que acontece. Dessa forma,
só saberei quem de fato me ama quando
eu me tornar sem utilidade.
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