Associações

 Associações

 

Lembranças são invenções que eu crio para dar sentido ao que lembro e sinto. Não preciso buscar lembranças, elas se impõem. Qualquer estímulo é um gatilho para elas virem à mente 

em cadeia, e se não interrompo as divagações, me perco nelas. É como se a memória estivesse à beira da consciência.

 

O difícil dessa condição é que quase sempre elas vêm acompanhadas 

de sensações e emoções que me desestabilizam. Não importa o tempo 

em que elas tenham acontecido ou que estejam armazenadas na memória, quando surgem são sempre atuais. 

 

A minha mente é associativa, faz links e conexões de forma automática, 

e me revela mágoas e tristezas que preciso soltar, e efeitos que ainda não superei causados por certas situações, circunstâncias e eventos. 

 

Quando a lembrança está curada, ela chega de forma neutra, como 

se eu estivesse assistindo a um trecho de filme na tela da mente. 

 

 

A memória não reflete a realidade, ela preenche lacunas e cria uma narrativa que descreve a forma como reagi e interpretei o ocorrido. Quando abstraio 

a emoção deflagrada, a história muda de sentido, consigo perceber 

a incoerência da leitura que fiz dela, posso encontrar a causa desse equívoco, e mudar a emoção correspondente. 

 

Quando entendi esse processo, deixeide acreditar que as associações eram 

maldições e passei a vê-las como bênçãos. 

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