Contradição
Gosto do ócio, mas também queria ter com que preencher o dia. No entanto, não quero obrigação, tudo que me exige continuidade considero obrigação. O que não é obrigação fico adiando, não tomo iniciativa. No entanto, em alguns momentos sou impulsiva.
Tem dias que estou com os nervos à flor da pele, sinto tudo muito intenso, não aguento ouvir nem música. Há uma falta inexplicável, daquelas que, ao invés
de me mobilizar para satisfazê-la, me deixa desanimada, tenho a crença
de que não é possível preenchê-la.
Identifiquei em mim um prazer negativo em estar nesse lugar. Em contradição, quero sair dele, mas não me movo, é como se estivesse sendo empurrada contra a parede, sem ver saída.
Sinto falta da rotina e da disciplina, mas receio cair no tédio. Uma voz insidiosa pergunta, para quê? A liberdade cobra o preço de fazer escolhas, de ser dona do meu nariz.
Quando estou assim, me sacudo antes que a vida o faça, antes que eu atraia
algo compatível com meu estado de ânimo.
Digo a mim mesma que está tudo bem, ponho um batom, uma roupa bonita, até mesmo para fazer exames de laboratório. Volto a sorrir e até acho graça do drama que criei.
Comentários
Postar um comentário