Compartilhamento

 

Quando divulgo o que escrevo, não estou partilhando, repartindo, dando a cada um uma parte do escrito, estou compartilhando, multiplicando o conteúdo para várias pessoas que, por sua vez, podem fazer a vez de multiplicadores.

Na mitologia, a jornada do herói finaliza quando ele chega a um aprendizado, depois de cumprir todas as tarefas que lhe cabem, e volta para compartilhá-lo com a humanidade. 

O que ajuda as pessoas a se entenderem e a não se sentirem sós naquilo que sentem é o compartilhamento 
de sentimentos e emoções, 

de experiências vividas, de como cada um foi afetado e lidou com elas. 

O fato é um acontecimento passado, 

se ainda não aconteceu não é fato. 

Em se tratando de autoconhecimento, não adianta tentar antecipar os fatos. 

Faço terapia desde jovem, demorei muito a me abrir porque sequer sabia o que 

se passava dentro de mim. 
Às vezes guardava para mim, por achar que certas coisa eram sem importância ou porque tinha vergonha de revelá-las. 
Muitas vezes o que omiti era uma chave para me entender, talvez por isso mesmo, ainda que de forma inconsciente, tenha ocultado. Como diz o ditado, Deus 

e o diabo estão nos detalhes. Essa atitude retardou muito meu processo 

de autoconhecimento. 

A mudança só foi significativa quando passei a fazer parte de um grupo terapêutico. No início não falava nada, desconfiava das pessoas, não de que elas fossem divulgar o que estava sendo dito ali, porque havia um contrato 

de confidência, mas tinha medo do julgamento. 


Não tem como você não se revelar 
em grupos desse tipo. O depoimento 
de alguém ressoa em você, lhe ajuda 
a se entender, você se identifica com 

o que está sendo relatado por ter passado por situação semelhante.

Hoje adquiri confiança a ponto 

de compartilhar publicamente 
o que sinto e penso, através do que escrevo. Compartilhar é se doar, 

uma doação que beneficia a quem 

se revela e a quem escuta com empatia. 

O grupo terapêutico existe até hoje, agora trocamos também por WhatsApp, sempre que há um acontecimento ou uma experiência relevante que 

nos afetou. Mas não é um grupo soturno, rimos à toa, rimos de nossa própria desgraça. Estou aprendendo a ser uma ouvinte que não dá opinião, que apenas apoia e escuta com respeito 

e amor, agradecida pela confiança e pela revelação. 

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