Desapego

 

 

Comecei a sentir dores nas articulações. Num primeiro momento tive medo de que esse estado fosse permanente. Depois fui em busca de ajuda para amenizar a dor. Olhando para trás, sou grata por só agora estar nessa condição. 

 

Tudo na vida muda, se não muda é porque estou na contramão do fluxo, remando contra a maré. Ainda assim, já não será mais a mesma coisa. Não se pode forçar a alteração do estado das coisas. Se elas não mudam, mudo eu, ainda que não perceba.

 

Por isso, o desapego é necessário. É importante viver como se fosse o último dia de qualquer coisa, da convivência, da viagem, da festa, do verão, do perfume preferido, do último biscoito do pacote. Nada é permanente.

 

Aproveitar o máximo do que é bom, e lidar da melhor forma possível com o que é ruim. Nem terminar de véspera, na ilusão de que controlo o tempo, nem tentar prorrogar o que já acabou. 

 

O desapego não é o mesmo que rejeitar, abandonar, virar as costas. É simplesmente aproveitar o que está disponível para mim e aceitar quando for a hora de soltar, enfim, respeitar o tempo de tudo. E acima de tudo ser grata pelas experiências e por ter me permitido vivê-las. 

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