Separação ilusória
“Se é fácil de sair da relação, você nunca entrou”. Fabrício Carpinejar
Eu tive três casamentos, dois deles foram duradouros. O primeiro e mais breve, nós não nos separamos, eu apenas não o segui. E porque não houve fechamento, ele sempre esteve à sombra de outros que tive.
E por ser um amor mal resolvido, eu o idealizava, e ele serviu de parâmetro para outros dois, que não eram páreos para o primeiro. Ao ouvir a fala de Carpinejar, penso que nunca estive inteira neles, tinha sempre um pé fora.
Ainda assim, não foi fácil sair deles. Eu criei uma expectativa inalcançável, cujo resultado só poderia ser frustração.
Mas o vínculo que se formou entre mim e eles não se dissolveu. Uma convivência duradoura não acaba da noite para o dia.
A separação física não basta para se dissociar.
Separar é a tentativa de pegar de volta o eu perdido, é voltar a me reconhecer como indivíduo, é me extrair da amalgama do relacionamento. É também identificar o que ficou do outro em mim.
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