Parâmetros
“Vida boa é a vida vivida nos seus termos.” Christian Dunker
O ser humano precisa de referencial para se situar na vida e no mundo, para não se sentir solto, para pertencer, para se entender.
Eu me angustio quando tenho sintomas e não sei qual a sua causa, quando não consigo nomear o que sinto. Quando o médico me dá um diagnóstico me sinto aliviada, não apenas porque posso me tratar, mas porque há uma determinação, um enquadramento.
Mas isso é uma faca de dois gumes. Deixar que parâmetros me definam é renunciar à autonomia enquanto indivíduo.
Há, por exemplo, pessoas que se escondem por trás de um diagnóstico para justificar os seus atos inadequados, supondo que assim afastará o julgamento de seu caráter.
Um outro aspecto que merece atenção é quando a pessoa não se encaixa em um padrão, e isso autoriza as pessoas a julgá-la como inadequada. Normose é a atitude de pessoas que seguem rigidamente o padrão de normalidade pré-definido, não assumindo a responsabilidade de viver segundo seus próprios termos.
Cada vez mais os padrões e parâmetros têm sofrido críticas, têm sido repensados e remodelados, e ainda assim, o comportamento humano desafia a credibilidade de tais modelos.
Isso me faz lembrar a frase de Lúcia Helena Galvão que diz que “nada acontece ao homem que não seja próprio do homem”. Se é próprio do homem, não há que ser excluído, nem nada que lhe acontece ou sua forma de reagir como anormal. Há que rejeitar rótulos, portanto.
O importante é cada um encontrar o seu próprio jeito de ser e de agir no mundo, e viver de acordo com ele.
É ter a consciência de que a vida humana oscila entre momentos de bem-estar e de desassossego, e convém a cada um encontrar a melhor forma, de acordo com seus critérios, de lidar com os infortúnios e bem-aventuranças, sabendo que tanto um quanto outro passam, não são permanentes.
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