A ânsia de ter e o tédio de possuir
A maioria de nós tem uma relação com as pessoas e coisas tão deletéria, a ponto de inviabilizá-la. E isso tem a ver com a pretensão de satisfazer a pulsão do desejo. Melhor dizendo, na ânsia de preencher o vazio do desejo, desenvolvemos o sentimento de posse generalizada de tudo.
Se vemos uma flor, queremos tê-la no jarro, temos o impulso de comprar algo bonito que vimos na vitrine. Se visitamos um lugar belo, queremos morar nele.
A posse nas relações humanas tem título: meu vizinho, namorado, marido, colega, pais, filhos, tudo é posse. O ciúme nada mais é do que a reação à ameaça de perder a posse.
O amor baseado na posse delimita o espaço, impõe regras. O sentimento de posse é confundida com afeto.
Essa forma de se relacionar é inviável, porque na medida em que “adquirimos” o objeto de desejo, anulamos o desejo de tê-lo.
Nenhuma relação é saudável, se não há liberdade de se transitar em outras relações, se há pressão exacerbada do sentimento de posse. O “possuidor” não é livre porque se acorrenta ao objeto de posse e sofre por isso.
Para que a felicidade genuína chegue, é preciso exercitar o desapego, afrouxando os laços de forma a permitir e permitir-se a soltura nas relações.
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