Limites
Quando jovem, eu era hiperativa,
só parava na exaustão. Isso me rendeu ciclos de adoecimento, estresse
e esgotamento. Gostava de desafios,
era viciada em adrenalina. Só vim
encontrar meu real ritmo interno quando
me aposentei, embora eu viesse desacelerando ao longo do tempo.
Não foram escolhas minhas
os relacionamentos que tive, eu apenas correspondi às investidas e me deixei cativar. Era seduzida pelo interesse
do outro por mim, e quando isso acontecia, não escultava meu coração, nem dava atenção à intuição, renunciava ao que queria e me adaptava ao desejo do outro, era uma espécie de submissão em troca de atenção, não me dava limites, nem estabelecia uma linha onde nem eu nem ninguém devesse ultrapassar. Essa atitude é comum
em pessoas que sofreram abuso.
Ainda hoje tenho dificuldade de ser assertiva em certas ocasiões, em especial quando envolvem alguém que amo.
Dar limites tem a ver com dizer não, ter consciência corporal e mental
de quanto eles suportam mantendo
a sanidade, acolher minhas emoções
e atender minhas necessidades, saber lidar com a reação do outro depois
de ouvir um não.
Isso não é fácil para quem sofre
de ansiedade, que leva à compulsão,
a compulsão é exatamente o oposto, falta de limites.
Dar-me limites é um ato de autoestima, porque o excesso prejudica. Dar limites ao outro é um ato de amor, porque evita que ele ultrapasse as fronteiras
do aceitável no convívio, preservando
a sanidade do relacionamento.
Dar-me limites não é egoísmo,
é me priorizar, resguardar-me e cuidar
de mim, e para isso preciso me conhecer e saber o que quero.
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