Desejo de perpetuação
Meu medo primordial, por trás de todos
os outros, é o da morte, por ser uma realidade inafastável.
Mesmo com medo, o instinto
de sobrevivência me impele
a prosseguir, a acordar todos os dias
e a fazer o que é preciso. Para não viver atormentada, a mente embota
a consciência da definitividade
do fim.
É comum se criar verdades e certezas pela necessidade de constância e continuidade, quando se sabe que a vida é impermanente e que nada dura para sempre. Assim como todo mundo, mesmo sabendo da finitude, nutro o desejo
de perpetuação, faço planos para
o futuro, cuido da saúde física, procuro preservar a vitalidade física, a juventude mental e o equilíbrio emocional.
Acredito na vida pós-morte
e na imortalidade da alma, mesmo assim anseio pela perpetuação da existência física. Afasto da mente o pensamento de que um dia meu corpo vai se deteriorar em definitivo e que serei forçada a me desligar dele. Mesmo sabendo
de tudo isso, ainda me surpreendo
e me assusto ao me lembrar da proximidade da morte.
Realizo meu desejo de perpetuação tornando cada minuto eterno, vivendo
o dia como se fosse não fosse acabar, construindo um legado, não desperdiçando a existência. Tento viver plenamente para que, quando chegar a hora derradeira, eu possa me desapegar da vida e me despedir agradecida por tudo que recebi e dei.
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